Tuesday, November 15, 2016

Unfriended, de Levan Gabriadze

   
Em tempos de alerta ao cyberbullying, Unfriended é a vingança da vitima. Inspirado pelos casos reais de Amanda Todd e Audrie Pott, adolescentes que encontraram no suicídio a única resposta para a humilhação de que foram alvo através da internet e das redes sociais, o filme segue o videochat de seis amigos, que começa inocente, mas se vai tonando tenso pela presença de um sétimo ícone, sem foto, supostamente alguém que assiste à conversa sem se anunciar. Mas, como é o aniversário do suicídio de uma colega, o tema é aflorado e, obviamente, não há coincidências. O penetra vai-se tornando cada vez mais activo e provocador, revelando os segredos que, afinal, estes amigos escondem uns dos outros e, assim que esgotam a sua utilidade, mata-os um a um e aterrorizando os que sobram.
Por imposição do produtor Timur Bekmambetov, o layout da realização consistiu no monitor do computador pessoal de um dos participantes de uma videoconferência e nos dados que essa adolescente foi digitando ao longo da conversa, procurando pistas e trocando notas privadas com o namorado, que também participa na videoconferência. O argumentista Nelson Greaves e o realizador Levan Gabriadze gravaram cinco versões diferentes da história, com os actores em diferentes compartimentos da mesma casa, em longos takes sem interrupções, indicando a uns e outros como reagir impromptu através de earpieces, e foi um destes takes que chegou à versão comercial, apesar de outros terem sido exibidos em festivais de cinema, com títulos provisórios, para testar o produto e ganhar tracção.
Tecnicamente, Unfriended é parente directo de Open Windows (2014), filme com Elijah Wood onde tudo o que se vê é também o que aparece no laptop do protagonista, e um parente indirecto de O Projecto da Bruxa de Blair (1999), já que, no fundo, este é o passo tecnologicamente seguinte do found footage (género que o produtor Bekmambetov experimentou com Apollo 18, de 2011). A simplicidade do mistério e a entrega dos jovens actores (as caras mais conhecidas são as de Shelley Hennig e Will Peltz) transforma as limitações em mais valias e estar tudo concentrado num monitor de PC apenas aumenta a claustrofobia. Bom terror até ao final que, claro, é do mais previsível que há mas, ainda assim, é muito superior a grande parte da oferta actual.
Unfriended 2014

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