Clássico instantâneo. Depois de uma cabana no bosque, uma vivenda num bairro fantasma. Se a dupla Fede Alvarez e Rodo Sayagues não estiveram à altura de Sam Raimi no remake de Evil Dead (2013), é com este guião original que se multiplicam as comparações (com tantos filmes que mais parece uma mana de retalhos). Sem elementos de sobrenatural, o guião segue um trio de adolescentes que assaltam casas e se apercebem, tarde demais, terem subestimado o proprietário da sua última investida, um cego com mais recursos do que o inicialmente previsto. É uma trama tão simples quanto o aviso “não entres na casa de estranhos, porque não sabes o que vais encontrar” e, claro, ante da noite acabar, mais do que um deles vai lamentar as suas escolhas profissionais.
É um thriller básico, mas eficiente, que leva a bom porto a regra segundo a qual não importa o tema, mas o que se faz com ele. Com exteriores filmados em Detroit e interiores na Hungria, o filme conta com os olhos vivos de Jane Levy e a musculatura de Stephen Lang, muita tensão e algumas gaffes, umas mais desculpáveis do que outras. Por exemplo, o cego reage prontamente a determinados ruídos, mas outros passam-lhe ao lado; as janelas do quarto onde dois protagonistas se escondem estão gradeadas, mas um deles é projectado através desta quando um cão se lança sobre ele; o cego desliga o quadro eléctrico geral, na cave, mas a máquina de lavar roupa é usada, mais tarde, para confundi-lo; o saco com dinheiro está do lado de fora da porta do carro, mas quando a câmara aumenta o ângulo de visão, a mala desapareceu, reaparecendo na sequência seguinte.
Dos diversos filmes a que vai buscar inspiração (Cujo, Silêncio dos Inocentes, People Under The Stairs), deve tirar-se o chapéu ao twist dado ao elemento roubado a O Segredo dos Seus Olhos, o qual teria sido excepcional no pedestre remake de Billy Ray.
Don't Breathe 2016
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