Ao clacissismo dos anos 1950, os 1970 responderam com o grotesco e os 1980 com a irreverência. O novo milénio, à falta de contraponto, tem-se dedicado a vampirizar as glórias do passado. Isso é ainda mais verdadeiro no caso de A Noite do Espanto (1985), que já à época colava comédia, romance e terror num caldo invulgar.
Foi Tom Holland, argumentista de Psycho II (1983) e realizador deChucky – O Boneco Diabólico (1987) quem se estreou atrás das câmaras com esta história, que também escreveu, de um adolescente que descobre ser vizinho de um vampiro e, quando este começa a cortejar-lhe a mãe, recorre a um apresentador de sessões de terror antológico da TV para pôr fim ao abuso. O filme dava um cunho pessoal aos estereótipos da série-B em voga, simultaneamentecheesy e creepy. Foi o segundo colocado nas bilheteiras de terror de 1985, atrás de Pesadelo Elm Street 2.
Em 2011, surge um remake em 3D e IMAX. Recupera o título, mas sai dos subúrbios verdejantes de uma grande cidade para os desérticos de Las Vegas, onde as casas parecem saídas de Wisteria Lane, mas à volta há apenas deserto. Em vez do suave e sedutor Chris Sarandon, um dos mais charmosos vampiros de toda a raça dentuça, aparece agora Colin Farrell, de ganga desbotada e manga cavada branca, palito no canto da boca e atitude convencida e oleosa; provavelmente, queriam a antítese do original, o que conseguiram em todos os pontos: onde o original era engraçado, emocionante ou assustador, o remake não atinge a fasquia.
Marti Noxon é argumentista e tem sido consultora produtiva em diversas séries, tendo começado na segunda temporada de Buffy e passado por Prison Break, Anatomia de Grey, Clínica Privada e Mad Men. Nunca se aguenta muito tempo no mesmo sítio e nem sempre é bem sucedida nas suas escolhas. Com o argumento de Noite de Espanto, espalha-se ao comprido. Craig Gillespie, com carreira na publicidade, estreou-se na sétima arte com o desolador Mr Woodcock(2007), que abandonou por causa da opinião negativa das plateias de teste (o filme sofreu novas filmagens e montagem e continuou péssimo), ao que se seguiu o mais bem sucedido Lars e o Verdadeiro Amor (2007) e seis episódios de As Taras de Tara. Noite De Espanto(2011) prova que deve voltar à publicidade.
Se Tom Holland misturou vampiros com Pedro e o Lobo, Craig Gillespie deixou cair ao chão e juntou o lixo com a vassoura. É o que acontece quando se põe um brinquedo nas mãos erradas. Permanece inexplicável Hollywood ainda não ter entendido que Anton Yelchin não tem estofo para herói, mesmo depois de Alpha Dog (2007),Terminator Salvation (2009) e Star Trek (2010). Colin Farrell excede-se na teatralidade, Toni Collette consolidase numa das personalidades mais simples de Tara Gregson, David Tennant repete a sua encarnação de Dr Who e Imogen Poots dá gosto ver.
Fright Night 2011
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