O peixe mais mediático está de volta à sétima arte mas, infelizmente, pelas mãos que maltrataram Serpentes A Bordo (2006). David R. Ellis era um duplo que passou a coordenador dessa arte de brincar com o perigo em 1978 (A Invasão dos Body Snatchers), a assistente de realização em 1983 (Gorky Park) e a realizador em 1996 (Homeward Bound 2). Os seus títulos mais marcantes sãoCellular - Ligação de Alto Risco (2004) e o já referido e anedóticoSerpentes A Bordo.
Steven Spielberg sempre foi atraído pelo peso e, antes de dar a Robin Williams o papel de Peter Pan, fez acelerar pelas estradas poeirentas e pelas águas geladas dois assassinos com tonelagem robusta: um camião TIR (Duel, 1972) e um tubarão branco (O Tubarão, 1975). Ambos despoletaram inúmeros seguidores, com os oceanos a serem dominados pela máquina assassina em formato de torpedo, com barbatana dorsal ameaçadora e dentes de motosserra.
David R. Ellis trata os peixes como tratou os répteis. Sem zelo, sem panache, sem cuidado. O seu método de meia bola e força é evidente em cada cena e o resultado é deplorável. Obviamente que o título não engana e Ellis deve conhecer os seus próprios méritos, concluindo assim que, se o projecto lhe era entregue, as expectativas seriam mínimas. Mesmo assim, não cumpre.
O título original, Noite de Tubarões 3D, diz tudo, ou deveria. Reduzindo a película à desconstrução do título: noite, tubarões eestereoscopia, a única coisa que surpreende é a ausência de topless. Mais, ataques diurnos, paralaxe neutra e tubarões CGI de qualidade deplorável, assim como as ondulações que provocam na água. Se recordarmos Deep Blue Sea (1999), a incursão do finlandês Renny Harlin na piscina dos predadores, fica a sensação de que não ocorreu a menor evolução, em termos de animação por computador, nos últimos doze anos. Terá sido, eventualmente, falta de investimento, a desperdiçar um orçamento de 25 mil euros em tubarões de borracha e toalhas de praia.
O elenco não tem nomes sonantes, como se imaginava, mas não deixa de ser curioso. Sara Paxton já foi sereia em Aquamarine(2006) e Chris Carmack mergulhador em Into The Blue 2 (2009). Carmack entrou em Efeito Borboleta 3 (2009) e Dustin Milligan emEfeito Borboleta 2 (2006). Chris Zylka saiu daqui para Piranha 3DD(2012). Joel David Moore já é um rosto conhecido, com presenças mais notórias na sátira a Sexta Feira 13, Hatchet (2006) e Avatar(2009). Joshua Leonard estreou-se em Projecto Blair Witch (1999). Katharine McPhee entrou no American Idol (2002), não é uma scream queen, mas tem bom corpo.
Medo Profundo 3D devia chamar-se Shark Weekend em vez de Shark Night, já que se passa durante um fim-de-semana e os tubarões também mordem de dia. Infelizmente, um filme de biquinis e barbatanas para adolescentes é demasiado tímido em carnes e dentadas e leva-se demasiado a sério para tão pouco empenho. Ao contrário de Piranha 3D (2010), Medo Profundo 3D esquece-se do seu propósito e não sabe entreter. Os tubarões são esparsos e pindéricos, o enredo é ridículo e tem ainda situações que raiam o mau gosto, como um negro de lança (Shaka Zulu?) a querer caçar um tubarão com água pela cintura; e consegue, porque o tubarão vem até ele. Mas, o pior da fita é não ser envolvente nem impressionante. E tubarões que não impressionam …
Shark Night 3D 2011
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