Thursday, December 15, 2011

Contágio, de Steven Soderbergh

Um olhar clínico sobre o alastrar de uma pandemia virulenta, seguindo o percurso das instituições accionadas no sentido de conter o vírus, estudá-lo, cultivá-lo e finalmente extrair dados suficientes para a criação de uma vacina. A paranóia em redor da gripe das aves, no verão de 2010, despoletou o interesse de Steven Soderbergh e o argumentista Scott Z. Burns fez-lhe a vontade. É a segunda vez que os dois trabalham juntos (O Delator, 2009), mas a brincadeira passou a seriedade. Burns já tinha participado no guião de Bourne Ultimato (2007), por isso sabe o que é necessário para deter um assassino sem nome.

Ambiciosamente, a história começa no dia 2 da propagação do vírus e avança a partir daí, estabelecendo que todos os actos humanos são comportamentos de risco, já que tocamos em tudo e os germes transmitem-se pelo ar e pelo contacto físico. Este mecanismo, para além de provocar o pânico aos hipocondríacos, tenta desarmar o espectador comum, cujo modus operandi o coloca à mercê da ameaça. A partir daí, segue-se o caminho típico do E se… , através de um processo que a comunidade científica apreciou pelo seu rigor e fiabilidade, mas que peca por alienar tanto o vírus como o público.

Contágio está recheado de actores com Óscares (Marion Cottillard, Matt Damon, Gwyneth Paltrow e Kate Winslet) e nomeações (Jude Law, Laurence Fishburne, John Hawkes e Elliot Gould), como se Soderbergh fosse, ao contrário de uma praga, um aglutinador de talentos mas, infelizmente, são mais sonantes os nomes do que os papéis. O elenco de ensemble dá pouco a cada personagem e o aprofundamento individual é nulo. Chega-se ao final com a sensação de missão cumprida, mas não que seja para recordar.

Contagion 2011


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