Wednesday, January 26, 2011

Resident Evil: Ressurreição 3D, de Paul WS Anderson

Em 2002, Paul W.S. Anderson transpôs para o grande ecrã a saga de videojogos Resident Evil, tendo-se já estreado nesse campo comCombate Mortal, de 1995. Desde então, tem-se revelado medíocre em tudo o que toca, normalmente histórias de acção ou suspense, que transforma em narrativas arrastadas e aborrecidas. Foi assim com O Enigma do Horizonte (1997), Soldado (1998), Alien Versus Predator (2004) e Corrida Mortal (2008). A par dos filmes realizados por si, Anderson escreveu os guiões de toda a saga Resident Evil, incluindo o mais recente, onde regressa atrás das câmaras.

Milla Jovovich já esgotou a paciência do público a brincar às artes marciais com cabos e espadas em Ultravioleta (2006), ao ponto de bocejar-se de cada vez que, actualmente, faz uma pose ameaçadora. Manequim que cresceu imenso como actriz desde o lamentávelRegresso À Lagoa Azul (1991), tem-se tornado uma presença cansativa pelo typecast a que se sujeita. Ali Larter e Kacey Barnfield, porém, não conseguem, nem tentam, tirar-lhe o brilho, talvez por ser casada com o realizador.

Resident Evil: Ressurreição é mais uma péssima encenação de Paul W.S. Anderson, que se revela ainda pior do que esperado. O filme sofre de uma penosa letargia, onde nada acontece a maior parte do tempo, sendo que, quando acontece, desejaríamos que estivesse quieto. Alice descobre que não há nada no Alasca à sua espera, mas talvez o Alasca tenha viajado até Los Angeles. Arcadia, afinal, não é uma cidade, mas um navio. Aterra o seu bimotor no topo de um arranha-céus e conhece os sobreviventes que lá estão, cercados porzombies de todos os lados. À falta de melhor, descem ao subsolo do edifício e seguem pelos esgotos até ao mar, onde um barco espera milagrosamente por eles e os conduz ao navio, para uma última luta com o mesmo rejeitado da Matrix que enfrentara na primeira cena. A história é penosamente descartável e, como se não bastasse ter sido inane, ainda termina num cliffhanger.

Resident Evil: Ressurreição parece uma mera compilação de cenas avulsas, demasiado repleto de facilitismos e de plotholes para funcionar como uma trama coerente. Se a primeira cena serviu para restituí-la à condição de humana (uma injecção que lhe suprimiu o gene T), como é que Alice salta do topo de um arranha-céus, agarrada a um cabo como Tarzan (mencionei que era um arranha-céus?), e aterra numa cambalhota aos tiros, ao nível do solo? Como é que é agredida por uma coisa parecida com um martelo-bigorna e se levanta sem escoriações ou ossos partidos? Quem é essa criatura (parece saída do universo Silent Hill) que surge do nada, passa pelos zombies sem ser incomodada e termina com dois tiros depois de atacar Alice e Claire? É apresentada na ficha técnica como O Executor, mas quem não conhecer o videojogo Resident Evil 5 ficará a interrogar-se.

Paul W.S. Anderson continua autista. Abusa de tal modo do efeito de câmara lenta que as cenas de acção se tornam, literalmente, estáticas. Não há uma única cena intensa ou original no filmo inteiro, entre clichés dirigidos a um público lobotomizado. O efeito 3D nota-se em apenas duas cenas, a aterragem do avião e o martelo do Executor. Para semelhante fiasco, mais valia uma entrada directa no mercado de vídeo.

Resident Evil Afterlife 2010


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