Mensagens Apagadas é um thriller absolutamente triste, com um argumento medíocre e representações débeis. Tem argumento de Larry Cohen e esse nome já valeu alguma coisa, mas os anos 70 já se esqueceram há muito. Tendo singrado no campo da blaxploitation e do terror de baixo orçamento, os seus filmes vendiam porque tinham humor, gore e crítica social. É especialmente associado às trilogiasIt’s Alive (1974/1978/1987) e Polícia Maníaco (1988/1990/1993). No início do deste século, vendeu dois guiões que lhe renderam algum do respeito perdido (Cabina Telefónica, 2002 e Ligação de Alto Risco, 2004), mas Cativeiro, de 2007, viu-se a braços com um boicote inesperado: a sua publicidade em outdoors foi considerada demasiado chocante e o género torture porn já estava em decadência, pelo que se reflectiu em fraca audiência. Mensagens Apagadas, como de costume no caso de Cohen, baseia-se numa ideia curiosa de abertura, que se perde num desenvolvimento previsível e maçador. Afinal, este é o criador de um filme intitulado Ambulância(1990), onde um veículo de transporte hospitalar cruzava a cidade em busca de vítimas para raptar e fazer tráfico de órgãos, que depois recebe um tratamento televisivo simplório.
Um professor de escrita criativa recebe duas mensagens de socorro de pessoas que são mortas de seguida. A primeira é ele quem apaga e a segunda é apagada sem ele saber como. Depois disso, acabam-se as mensagens, apagadas ou não, e há até uma chamada telefónica que lhe é feita para uma cabina telefónica perto de onde ele se encontra. Dois anos antes, ele vendeu a um estúdio de cinema um guião sobre um psicopata que matava vítimas ao acaso e a polícia suspeita do seu envolvimento. No meio de tanta previsibilidade, descobre-se que o guião que ele vendeu era plágio de um anterior, que um aluno seu trouxe à sua avaliação. Quem seria esse aluno? Só há dois potenciais culpados e talvez nem seja preciso escolher. Afinal, se a pista serve de alguma coisa, Matthew Lillard, o protagonista, entrava em Gritos (1996), thriller onde, em vez de um assassino, havia dois.
Para além de Lillard, o filme conta também com as participações de Deborah Kara Unger, Gina Holden e Chiara Zanni. As últimas destacam-se pela extrema magreza, digo, elegância etérea. Quanto ao realizador, Rob Cowan foi, entre 1984 e 1995, assistente de realização em onze filmes, mas desde então tem-se dedicado apenas á produção, sem um único blockbuster no currículo. Desconhece-se o que o terá feito sair da obscuridade, mas será mais do que um palpite prever que à mesma irá regressar.
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