Tuesday, May 14, 2019

Hush, de Mike Flanagan

Mike Flanagan e Kate Siegel conheceram-se em Occulus (2013), onde ela tem um pequeno papel, e escreveram Hush(2016) durante o namoro que culminou em casamento antes da estreia, sobre uma surda muda que habita sozinha numa casa no campo e é perseguida por um serial killer que se entretém a assediá-la depois de se inteirar da sua condição. Curiosamente, durante este processo de intimidação, o assassino continua a socorrer-se de pequenos barulhos que só podem ser dirigidos ao cinéfilo ou são, admita-se, força do hábito, porque a vítima não pode ouvi-los.

A seu favor, o filme tem tensão e a protagonista é credível, mas o assassino é demasiado pachorrento e de aspecto débil para que, quando a heroína lhe acerta com a flecha lançada por uma besta potente, imediatamente acima do coração, este não seja derrubado pelo mero impacto e imobilizado cheio de dores no chão em consequência, assim como uma martelada num braço que lhe deixa o martelo agarrado ao braço também não parece obter grande reação, como se fosse apenas um incómodo passageiro, inclusivamente parando de sangrar apenas porque sim. Mais tarde, quando ela se fecha na casa de banho, ele parece materializar-se na banheira, ainda que a câmara se foque tanto no rosto dela para que acreditemos que ele possa ter entrado pela janela ou tecto. 

Enfim, Hush é um slasher com uma premissa simples e um desenvolvimento escorreito, mas sem impacto, conduzido numa linha de relativo realismo como se este, por si só, fosse mais valia suficiente. Kate Siegel está de parabéns e o seu domínio da linguagem gestual favorece a personagem. Mike Flanagan, o realizador, ia ver três filmes seus estrearem nesse ano (2016), mas Before I Wake cairia vítima das dificuldades financeiras do estúdio e só seria exibido em 2018 através da Netflix. Hush e Ouija: Origin of Evil tiveram melhor sorte, este útlimo obtendo uma receita de 80 milhões de dólares, assim cimentando a bancabilidade deste realizador que começou a carreira a financiar-se pelo Kickstarter (Absentia, 2011). Até Gerald's Game (2017), dirigido posteriormente aos títulos mencionados, estreou primeiro, também na Netflix.

Hush 2016

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