Friday, September 18, 2015

A Noite Fatal (Meia-Noite Fatal), de Paul Lynch

Uma brincadeira cruel de quatro crianças de dez anos conduz à morte de outra, acidente transformado em crime pelo consequente pacto de omissão de auxílio. Seis anos mais tarde, a data coincide com o baile de formatura de liceu onde estudam os perpetradores, os dois irmãos da vítima e o pai destes é director. Aparentemente, está também uma boa noite para vingança.
Prom Night despoletou três sequelas (1987, 1990 e 1992) e um remake (2008), todos irrelacionados para além da efeméride, mas não passa de um tímido e económico slasher que marca o único ano em que, a par de The Fog e Terrror Train, Jamie Lee Curtis foi tri-scream queen (entre Halloween, 1978 e Halloween II, 1981). Para os fãs que tiveram de aguardar mais três anos pela sua nudez de cortar a respiração (Trading Places Love Letters, 1983), já Jamie era hipnótica. E ainda oferece uma bem executada coreografia completa na pista de dança, de envergonhar qualquer John Tavolta com a febre de sábado à noite (1978).  
Apesar do suspense de gestão modesta e tarefeira, o guião não deixa de apresentar vários suspeitos com que distrair da atonia: há um contínuo que dizem que espreita as alunas nos balneários, um violador esquizofrénico e desfigurado que se evadiu do hospício (seis anos antes foi internado sob acusação de ter morto a menina do episódio de abertura) e ainda (ou isto sou só eu) a curiosidade do nome de Leslie Nielsen aparecer à frente do elenco, quando o seu papel é bastante secundário; sendo certo que o actor já tinha carreira desde 1950 e a idade é um posto, Jamie Lee Curtis é a incontestável protagonista. A ajudar à suspeita, o assassino usa uma balaclava e, nessa tarde, uma foi confiscada a um estudante e deixada no gabinete do director (Nielsen). Cabe aqui lugar a um grande spoiler, apenas porque historicamente relevante, mas a evitar por quem pretender assistir à película: num invulgar twist de argumento, 1980 é o ano em que dois slashers têm uma mulher de meia-idade como assassina, em ambos a vingar-se da morte de um rebento (o outro é Sexta Feira 13). Sem querer lançar falsos testemunhos, Prom Night estava concluído muito antes de Sexta Feira 13, tendo inclusivamente sido contactada a mesma distribuidora, mas que acabou preterida porque outra ofereceu mais salas onde estrear Prom Night.
O cenário do baile de formatura não é novo, com Carrie (1976) a precedê-lo e, ao menos, a ter uma maldade suficientemente elaborada; aqui, a má da fita (a tinhosa que convenceu os outros a guardarem segredo) congemina apenas substituir, no último instante antes da nomeação do rei e rainha da noite (estranhamente pré-seleccionados), o rei (que é seu ex-namorado) pelo bully da escola, com a mera finalidade de estragar o momento. 
Como de costume, as actrizes que fazem de alunas de liceu já têm idade para estar a terminar um curso superior e, pior do que isso, vestem-se como senhoras de idade. A polícia olha para o cadáver de uma menina de 10 anos completamente vestida e que nitidamente caiu de um primeiro andar e presume imediatamente poder tratar-se de uma vítima de acto sexual perverso. A brincadeira que a vitima parece um vulgar jogo de escondidas que termina com uma criança a procurar as outras enquanto grita kill kill kill, não se percebe como é que isto pode assustar alguém ao ponto de cair de uma janela nem porque é que, se a vítima já sabia que não gostavam dela, decidiu juntar-se-lhes. O assassino (para quem tiver saltado o spoiler) utiliza primeiro um estilhaço de vidro que retirou do espelho da casa de banho das meninas, que partiu durante a tarde, depois uma faca e por fim um machado (tendo acesso aos dois últimos ítems, quem é que andaria a transportar um frágil pedaço de espelho durante horas?).
Prom Night 1980

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