Shynia Tsukamoto continua tão experimentalista como desde o primeiro Tetsuo (1989), da trilogia que o colocou no mapa, onde realizava e interpretava, algo que tem repetido nos seus filmes e garantido participação noutros, como é o caso de Ichi The Killer (2001), de Takashi Miike. Kotoko é um conto surrealista, filmado sob uma direcção de fotografia epiléptica e sobre uma mulher esquizofrénica, cujos delírios a fazem ver doppelgängers maus, sendo que não distingue o real da réplica e reage violentamente, no propósito de defender o filho bebé, mas por vezes também centra nele a sua patologia e subsequente indiferença ou raiva.
O guião é do realizador, mas baseia-se numa ideia da protagonista, a cantora japonesa Cocco, que já se estreou na escrita em 2010, com um romance. Infelizmente, a história pouco mais é do que uma nota de rodapé, com Tsukamoto a contornar as dificuldades com histerismo, confusão e barulho, contribuindo Cocco com canções e direcção artística. É um filme que incomoda pela agressão aos sentidos, sejam os olhos ou os ouvidos, mas sempre pelas piores razões e sem rede de segurança. Teria beneficiado com um nível superior de concisão narrativa, em vez do travo amargo de tratar-se de um esboço, rudimentar e incoerente, baseado numa eventual reportagem sobre matricídio, que tenha despertado a atenção da cantora.
Kotoko 2011
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