Tuesday, June 12, 2012

Babycall, de Pal Sletaune


Escrito e realizado pelo norueguês que se recusou a dirigir Beleza Americana (2001) por torcer o nariz ao guião de Alan Ball, chegaBabycall, depois de duas comédias negras e de um excelente thrillerpsicológico que se pode considerar, pela sua duração, uma média-metragem (Naboer – Next Door, de 2005, só tem 75 minutos de duração). Desta vez, porém, Pal Sletaune traz uma história tão confusa e insatisfatória quanto a sua protagonista.
Anna e o filho Anders, de oito anos, chegam à nova morada, nos arredores de Oslo. Sob os cuidados do serviço de menores, percebe-se que ambos foram vítimas de abuso doméstico e que, por essa razão, ela se comporta de modo neurótico e excessivamente protector. Obrigados a dormir em quartos separados, por ser considerado mais ajustado ao desenvolvimento de Anders, Anna encontra a solução: um equipamento emissor-receptor sonoro, usado para que os pais possam ouvir os bebés à distância. Este aparelho, em vez do sossego esperado, vai trazer mais perturbação, já que o seu alcance permite ouvir situações de abuso vindas de um apartamento próximo, que Anna decide investigar. O vendedor do equipamento, com quem vai falar, torna-se o seu único amigo, ao passo que um dos agentes do serviço de protecção abusa da sua posição e assedia-a. Algo no juízo de Anna também não está bem, já que um local que interpretou como um lago vem revelar-se ser um parque de estacionamento. Quanto a Anders, também faz um amigo, mas a dada altura é feita uma confusão visual entre os dois e o amigo do Anders é que parece ser o filho de Anna. E que Anna poderia ser a agressora de Anders e não o pai. Mas o último fio de lógica desfaz-se quando é dado a entender que Anders pode nem existir.
Babycall tem diversos elementos de paranóia que poderiam proporcionar um filme interessante, mas Pal Sletaune não era o homem indicado para construir o puzzle, tanto mais que o deixa incompleto, quase como uma criança que se aborreceu do jogo. Noomi Rapace, em versão loura, é uma sombra das capacidades que deixou transparecer na trilogia Millenium (2009) e já se intuíam emDaisy Diamond (2007), mas que a América também não está a saber desenvolver (uma apagada participação em Sherlock Holmes Jogo de Sombras, 2011, não auspicia nada de bom).
Babycall 2011

1 comment:

  1. Esta confusão que parece ser o filme é justamente o que sentiria uma pessoa que estaria alucinando, onde se confunde imaginação com realidade. O filme nos faz sentir na pele da personagem , nos confunde quem existe ou não, se as coisas acontecem ou não. É isso, uma pessoa alucinando, o filme é perfeito! Não fica no blá blá blá, dizendo como é alucinação,mas faz o telespectador sentir , alucinar junto!

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