Tuesday, June 12, 2012

The Awakening, de Nick Murphy


1921. Florence Cathcart está cansada de desmascarar charlatães em sessões espíritas, mas algo no seu olhar trai essa determinação, um possível desejo, tão íntimo que porventura inconsciente, de que possa vir a estar enganada. De início, essa pista parece estar relacionada com a fotografia de um oficial do exército, eventualmente falecido durante a Guerra, mas afinal é uma dor que corre mais fundo. Ao aceitar um último caso, sobre o envolvimento de um fantasma na morte de uma criança num colégio interno, todo o seu castelo de cartas irá ruir.
Finalmente, uma história de fantasmas como deve ser, daquelas que se levam a sério, em que há pistas a coleccionar e a inquietude é conseguida pelo poder de sugestão criado por jogos de sombras e sons. Do pequeno para o grande ecrã, Nick Murphy revela-se o realizador ideal para fazer brilhar a história e os actores: Rebecca Hall está fabulosa, Dominic West recorda-nos dos tempos áureos deThe Wire e Immelda Staunton tem uma categoria só dela. A atmosfera tétrica é auxiliada pela cinematografia de Eduard Grau e pela banda sonora de Daniel Pemberton.
Claro que nem tudo são rosas. A partir do momento em que a resolução do mistério é fornecida,  há dados que não encaixam. Retrospectivamente, pode aceitar-se a visão do homem de caçadeira como uma memória mal enterrada mas, afinal, se morreram violentamente três pessoas naquele casarão, porque razão só uma delas se tornou fantasma? E o menino asmático, não deveria ser fantasma, também? Mais importante do que isso: se o fantasma central não está no mesmo patamar de irrealidade que os outros que ali perderam a vida, o que é que faria crer à governanta que a morte da protagonista iria cumprir os seus desígnios? Eventualmente, vá, pelo facto de esta ter sido capaz de ver o fantasma desde o primeiro passo. Enfim, não há bela sem senão e esta não chega a rachar o espelho, ainda que não possa proferir a célebre frase da Rainha Má. 
The Awakening 2011

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