Tuesday, June 12, 2012

O Desaparecimento de Alice Creed, de J. Blakeson


Poucos filmes se estreiam com uma lição em fotografia e edição como este. Magnético, cirúrgico, sem dar tempo de reacção. Os preparativos de um rapto são apresentados passo a passo, com chocante frieza e mecânica resolução. A concretização do crime, então, é como assistir ao resultado final de uma linha de montagem. E o filme ainda vai no início.
Três actores, um cenário, uma intriga que dá mais reviravoltas do que uma máquina de lavar roupa cheia de ratoeiras. Aquilo que aparentava ser mais um torture porn é, afinal, uma intriga onde cada um puxa para o seu lado e cada alteração ao programa prejudica os restantes. Vale a pena por esse cortante jogo de ténis a três mãos, sendo mesmo possível esquecer a quebra de credibilidade em relação à recolha do resgate, que é ignorada, como se a polícia não tivesse estado envolvida (anteriormente, há menção a um clic num telefonema, que implicaria a presença policial junto do pagador).
Gemma Arterton dá o corpo ao manifesto, ao ponto de se notar uma ponta de Tarantino em Blakeson, tal é a quantidade de close ups que faz aos pés descalços dela. Eddie Marsan está uns graus mais intenso do que em Happy Go Lucky (2007) e Martin Compston fecha bem o ramalhete. Para primeira realização, J. Blakeson, argumentista de A Descida 2, mostra que está pronto para outros voos.
 
The Disappearance of Alice Creed 2009

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