Filme de suspense para chorar. Para chorar este cineasta que nunca chegou a ser, por infortúnio e mea culpa. Victor Salva começou a realizar curtas-metragens aos 12 anos e foi uma delas (Something in the Basement), multi-premiada, que despertou o interesse de Francis Ford Coppola, que produziu a sua primeira longa-metragem (Clownhouse – Eles Matam, 1989) e lutou por que a Disney lhe entregasse o seu primeiro filme de estúdio (Powder – Poder Especial, de 1995). Ambos filmes foram manchados pela prisão por pedofilia de Salva que, com trinta anos, terá filmado actos sexuais com o protagonista de doze nos bastidores de Clownhouse, sendo que o actor fez campanha contra Powder, o que foi difícil para a Disney, direccionada para o público infantil. Isto não impediu que A Natureza da Besta (1995) fosse o direct-to-video mais visto da New Line nesse ano ou que Jeepers Creepers (2001) fosse uma inesperada e arrepiante surpresa boa.
Rosewood Lane chega depois de ter escrito um episódio da sérieMestres do Terror (2008), mas é tão pedestre e anónimo que seria preferível estar assinada por Alan Smithee. Um bom realizador costuma ser capaz de dar a volta por cima a um mau guião, mas aqui a responsabilidade é a dobrar, já que também assina a história, que se resume a isto: uma psicóloga vai morar para a casa que pertenceu ao pai e é alertada por um vizinho de que o rapaz da bicicleta que faz a entrega de jornais na zona é má rês. A partir daí, o rapaz começa a incomodá-la, aparecendo-lhe dentro de casa diversas vezes e chegando a empurrar-lhe o ex-namorado pelas escadas abaixo. A polícia é compreensiva, mas não pode fazer nada por ela, já que o rapaz é menor e os pais lhe servem de álibi.
O mais importante neste filme seria criar uma atmosfera de tensão e que o adolescente de bicicleta parecesse realmente maligno. Mas o primeiro defeito começa na escolha do actor: Daniel Ross Owens não só não sabe representar, como tem 28 anos, o que o torna totalmente errado para o papel. E o mais estranho é que Victor Salva insiste nele para o seu próximo filme, Haunted (2012), actualmenteem produção. Nada disto parece tornar recomendável Jeepers Creepers 3 (2013), ainda em pré-produção.
Mais assustadora do que um adolescente de 28 anos, a protagonista Rose McGowan tem um corpo estranho a apoderar-se-lhe da cara. A actriz, de 37 anos, reforçou as cirurgias plásticas que já tinha iniciado em 2007, ostentando um aspecto envelhecido, com os cumprimentos do exagero de botox nas faces e colagénio nos lábios.
Não importa quantas vezes se coce a cabeça, a aposta em Rosewood Lane é incompreensível. Mais parecido com um telefilme de baixo orçamento e servido por actores de TV (Rose McGowan, Ray Wise, Lauren Velez e Leslie Anne-Down), é inepto em todos os sentidos, nomeadamente na capacidade de destilar apreensão ou medo, quanto mais curiosidade numa trama que, no final, fica por explicar. Sim, porque uma cena com os pais do adolescente mostram um actor diferente e, no funeral do desfecho, aparecem dois gémeos, uma amostra do que, aparentemente, seriam trigémeos, antes de um ramo de árvore amparar a queda de um deles. Uma estupidez do início até à gargalhada final do vilão. O compositor de Jeepers Creepers 1 e 2, Bennett Salvay, apresenta uma partitura moderadamente inspirada.
Rosewood Lane 2011
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