Depois de dez anos a voar de vassoura, Daniel Radcliffe largou o manto de invisibilidade e viu-se que era adulto, ainda que da altura de um hobbit. Apesar desta desconcertante condição, o actor encontrou trabalho e o director de fotografia baixou o tripé. A Mulher de Negro baseia-se no livro homónimo de Susan Hill, publicado em 1983 e adaptado por Jane Goldman no seu primeiro trabalho a solo (anteriormente co-guionista de Stardust, Kick-Ass e X Men Primeira Classe).
O filme é produzido pela Hammer Films, fundada em 1934 e que teve os seus títulos memoráveis entre os anos 50 e 70, lançando nomes como Peter Cushing, Vincent Price e Christopher Lee. Após três décadas de interrupção e de ser vendido duas vezes (em 2000 e em 2007), o estúdio recomeçou, lentamente, a filmar, mantendo a fidelidade ao género que sempre melhor o definiu: Wake Wood(2008), Deixa-me Entrar (2010) e The Resident (2011) foram os resultados medianos antes de A Mulher de Negro.
Para este último, foi escolhido James Watkins, um nome que fez algumas ondas com o seu filme de estreia, Eden Lake – Lago Perfeito, mas ondas num lago não duram muito, a somar à desilusão que já era como guionista (My Little Eye e A Descida Parte 2). De cruz, Watkins assinou aqui uma história de fantasmas edwardianos que regurgita todos os clichés aglutinados por M. R. James, já no início do século XX.
Uma pequena localidade rupestre britânica, dada a nevoeiros e dilúvios enlameados, alberga uma terrível maldição. Desde que a Senhora do Casarão da Península ganhou o título simplificado de A Mulher de Negro, quem põe os olhos nela despoleta a morte de uma das crianças locais. Esse medo é reacendido pela chegada de um advogado citadino, que vem inventariar os papéis da dita e que tem tudo a perder, já que, se não serenar a bruxa nos próximos três dias, o seu filho poderá ser a vítima seguinte.
Sôfrego a agarrar o público, o realizador precipita-se na exposição de todos os pontos-chave da trama: três crianças saltam para o precipício e, antes de termos tempo para respirar, já podemos responder a um questionário sobre o protagonista: a sua esposa faleceu há quatro anos, ao dar à luz, e o viúvo ainda não recuperou completamente, ao ponto do processo que a firma lhe colocou nas mão ser a última oportunidade que lhe dão. Nessa época, o desemprego já não era motivo de alegria. Tendo de ausentar-se para terras da Mulher de Negro, pai e filho combinam o reencontro para sexta-feira, já que o ar do campo poderá fazer bem a ambos. E a caminho ele se mete, no comboio que o levará ao lugarejo onde vai desmontar os valores de produção.
A Mulher de Negro é um filme de terror tradicional. Coerente, mas sem originalidade, não tem nada a oferecer para além da competência narrativa e da surpresa que foi ver Daniel Radcliffe reproduzir um Hugh Jackman em miniatura. A quem o género for familiar, não só o filme não trará novidade, como manter-se-ão um passo à frente dos personagens.
The Woman In Black 2011
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