Friday, June 11, 2010

Pandorum, de Christian Alvart

Quando o realizador Christian Alvart confrontou o guião de Travis Milloy com o que estava a escrever, notou as semelhanças e decidiu incorporar-lhe as diferenças. Dada a esterilidade do grosso da oferta de ficção científica das últimas três décadas, Pandorum é, talvez, o mais orgulhoso descendente da saga Alien, especialmente dos seus tomos I e III.

A premissa é inspirada. Um defeito do equipamento da nave espacial desperta dois tripulantes das respectivas câmaras de hibernação, obrigando-os a lidar com uma realidade inesperada. A nave está prestes a avariar, causando assim a morte de todos os que se encontram no seu interior, se não forem tomadas medidas imediatas. Contudo, um efeito secundário do sono prolongado é a perda temporária de memória, pelo que os dois terão de adaptar-se rapidamente às circunstâncias. Como contratempo, a nave é habitada por mortíferas criaturas encefalóides que se alimentam dos humanos que vão acordando. Premissa inspirada, neste caso, não quer dizer original, mas que sabe contornar as suas limitações e reagrupar-se com oscilações mínimas. O enredo leva algum tempo a desenvolver, mantendo-nos no mesmo escuro que aos personagens, e é fácil identificar as suas referências. Não só Alien 3 (1992), mas também A Descida (2005), Event Horizon (1997) e Eden Log (2007). Ainda assim, o filme mantém individualidade e o final comprova-o com alguns twists curiosos, desfecho incluído.

Inicialmente, Pandorum ia ser rodado com actores desconhecidos numa encerrada fábrica de papel, por um módico orçamento de 200 mil dólares, mas a Impact Pictures de Paul WS Anderson transformou-o em projecto de estúdio. Graças a esse investimento, ganhou-se uma cinematografia cuidada, cenários convincentes, efeitos visuais razoáveis e actores com provas dadas (Ben Foster e Dennis Quaid). A alemã Antje Traue tem aqui o seu primeiro protagonismo e Cam Gigandet continua a tecer o seu terço de papeis psicóticos.

Apesar de conceptualmente engenhoso, do ponto de vista da execução poderiam ter sido limadas algumas arestas. Para além da falta de ritmo inicial e de alguma confusão na apresentação de elementos narrativos, o principal defeito consiste em apresentar os predadores de serviço como extraordinariamente fortes e velozes, mas fazê-los perder as provas de corrida contra os humanos. Quando a tartaruga é capaz de fugir à lebre em consecutivas perseguições em espaço aberto, a credibilidade da acção é posta em causa.

Pandorum 2009


No comments:

Post a Comment