Friday, June 11, 2010

A Descida 2, de John Harris

Num ano em que os estúdios se alimentavam ainda dos restos da febre amarela (Uma Chamada Perdida, Águas Passadas, Pulse, The Ring 2) e requentavam antigos pratos americanos (Amityville A Mansão do Diabo, Nevoeiro, Casa de Cera e Terra dos Mortos) e recentes (Saw 2), nem os franceses (Alta Tensão) chegaram para o britânico Neil Marshall, que se coroou sem rival, dado o impacto brutal do seu opus no feminino. Apenas com o anedótico Lobos Assassinos (2002) no currículo, ninguém esperava a inesperada vitalidade e adrenalina de A Descida (2005). Um grupo de amigas viciadas em emoções fortes iriam ter mais do que a sua conta ao descerem a uma gruta desconhecida. A primeira metade do filme lida unicamente com montanhismo e familiariza-nos com as personagens, enquanto que a segunda parte adiciona monstros humanóides rastejantes e carnificina. No final, ninguém sobrevive.

A distribuidora americana do filme, Lionsgate, decidiu alterar a montagem do filme, cortando-lhe os segundos finais. Neles, víamos que aquela que parecia a única sobrevivente da gruta teve apenas uma alucinação de liberdade e ainda se encontra a inúmeros quilómetros abaixo do solo. Claustrofóbico, mas aparentemente demais para o consumidor americano. E assim ficou aberta a porta a uma sequela.

Estreia de Jon Harris, editor do original, na realização, Descida 2traz de volta as actrizes Shauna McDonalds e Natalie Mendoza, supostas vítimas fatais do primeiro filme. Foram precisos três argumentistas para aldrabar momentos-chave de A Descida e porem novamente um grupo pelo sistema de grutas habitado por criaturas carnívoras. O elenco continua a ser predominantemente feminino, mas sem a mesma garra. Tecnicamente, o filme é miserável. Dentro da gruta, a única fonte de iluminação deveria provir das lanternas dos capacetes, mas vê-se perfeitamente que há holofotes de estúdio ligados. As criaturas do original eram contorcionistas e os seus movimentos reptilóides, mas aqui são meros figurantes com máscaras. O sangue é demasiado espesso e os efeitos visuais económicos, com close-ups para encobrir o que é feito com próteses. A montagem, pelo menos, é competente, não deixando o filme arrastar-se demasiado, permitindo assim alguma fluidez de ritmo e entretenimento mediano.

Descida 2 não traz surpresas ao género, apenas o empobrecendo por falta de recursos, ideias ou talento. O final, ridículo, a pressupor continuação, é de bradar aos céus. Os rastejantes são animais de estimação?

The Descent: Part 2 2009


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