Sedução, sadismo e dominação, atmosfera e tensão também não. O novo filme de Eli Roth é o remake de Death Game, um trash movie de 1977 sobre duas jovens psicopatas que seduzem um pai de família numa noite de chuva e o torturam no dia seguinte, com propósitos indefinidos para o público, mas eventualmente explícitos para as próprias, apesar do absurdo anticlímax com que o realizador/ argumentista confusamente se desembaraça dos metros de fita que não quis deitar para o lixo.
Knock Knock é um entediante exercício de soft torture porn (típico de Eli Roth: Hostel 1 e 2, de 2005 e 2007), que não assusta, enoja ou entretém. Uma autêntica pastilha sem sabor, com personagens irritantes e situações trôpegas, mal exploradas e que culminam num desfecho imprevisto, mas cobarde. Para Keanu Reeves, o filme é a oportunidade de interpretar um papel nos antípodas de John Wick (2014), o mesmo acontecendo com a esposa de Roth, a chilena Lorenza Izzo, depois do que passou em The Green Inferno (2013), filmado na sua terra natal e de Ignacia Allamand (faz de esposa de Keanu), Guillermo Amoedo e Nicolás López (argumentistas e produtores), toda uma latina família feliz com diversos projectos prévios em comum.
Ao contrário de Spring Breakers (2012), onde a esposa do realizador Harmony Korine (Rachel Korine) é a única que se despe (as mais conhecidas Vanessa Hudgens, Selena Gomez e Ashley Benson ficam-se pelo biquini), aqui ambas psicopatas (Izzo e Ana de Armas, co-psicopata) têm esse assaz breve privilégio (Eli Roth casou com a menos atraente). É um trio Odemira de más representações, com um Keanu Reeves, amordaçado e aos gritos, a permitir verificar como a sua dentição inferior é desconcertantemente torta, e o resto do tempo lembra, com a ajuda de uma ineficiente cinematografia, o seu trajecto pelos desenhos animados de Richard Linklater. De resto, Knock Knock é um rol de oportunidades perdidas, de entre as quais fica por explicar porque é que ele não é uma vítima casual, já que, aparentemente, e ignorando-se a duração, era espiado pela dupla.
Knock Knock 2015
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