O dono de uma loja de peixes tropicais, sossegado e introvertido, é conduzido ao extremo pelas atitudes de um rival criminoso, que faz dele cúmplice dos seus crimes. História de manipulações e intimidação, Cold Fish pretende-se chocante, mas a realização é muito desigual, o que dificulta o diálogo entre o horror e o humor. A tentativa de manter a câmara o mais próximo possível da acção torna-a intrusiva e teatral, prejudicando a já de si ténue credibilidade.
Após realçar que os seios de Megumi Kagurazaka (Taeko) mereciam um filme só para eles, destacam-se algumas incongruências. A trama desenvolve-se em dez dias, mas a cronologia gráfica das cenas, algumas com dez minutos de diferença, é irrelevante. Passou-se alguma coisa na camarata de Murata com Mitsuko ou o velho (e a esposa) tinha(m) limites? A canetada no pescoço de Aiko não fez danos e sarou por si em poucos minutos. A filha foi agredida com socos violentos, mas apresenta-se menos de uma hora depois sem marcas no rosto O que é que a mulher e a filha fazem no carro da polícia, na última cena (Syamoto avisou para onde se dirigia e exigiu urgência, mas os polícias acharam por bem ir a casa dele primeiro)?
Cold Fish não apresenta o choque que o realizador ambicionava, mas também não é um filme de fácil digestão. Pofissionalismo e comedimento teriam feito milagres. Assim, a extensa duração e opções musicais pouco acertadas saturam a audiência. Em 2007, Sono também não foi especialmente bem sucedido com Hair Extensions, filme que se centrava em cabelo oriental fantasmagórico.
Tsumetai Nettaigyo 2010
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