Wednesday, April 27, 2011

O Coleccionador, de Marcus Dunstan

Marcus Dunstan e Patrick Melton são os argumentistas da segunda metade da saga Saw (IV a VII), com o primeiro a iniciar-se na realização. A ideia não anda longe da de Saw (numa primeira fase, o guião seria para uma prequela de Saw, antes da torneira lhe ser fechada), aliás, já que inclui um serial killer com gosto pela manufactura de armadilhas, só que desta vez não se preocupa em justificar as suas acções, nem sequer em dar-lhe um rosto ou um nome. Fica o título, pelo que lhe chamaremos de Coleccionador, ainda que não se entenda muito bem de quê, já que tal não é perceptível das suas acções (vê-se arrancar um dente a uma vítima, mas não o guarda). Uma das vítimas, que se identifica como isco, refere que ele colecciona pessoas mas, pelo que lhes faz, não as deve querer em muito bom estado (ou com as peças todas).
A ideia, senão singular, é, pelo menos, interessante: o que aconteceria se um ladrão de cofres se imiscuísse numa casa onde umserial killer já estivesse a dar largas à imaginação? O resultado é um jogo de gato e de rato, que começa de forma curiosa, se enrola nas suas próprias armadilhas e termina trucidado pelas escolhas menos felizes.
Numa cottage isolada no meio dos bosques, um dos operários da sua remodelação regressa para roubá-la, já que, nas horas vagas, é arrombador de cofres. Uma vez lá, rapidamente percebe que algo está errado. Primeiro, a casa não está vazia, contrariamente ao esperado, e quem vagueia pelo seu interior não é nenhum dos donos. Os gritos destes podem ouvir-se, aliás, pelas condutas de ar. Em todos os compartimentos da casa há ciladas espalhadas: morde-canelas afiadas contra lobos na sala, anzóis a pender do tecto da casa de banho, cola no chão de um dos quartos, uma trama de fio cortante no corredor, um candelabro cheio de facas no tecto, trancas nas portas e janelas, uma catapulta com bicos na sala de projecção e uma cadeira de tortura na cave.
O ladrão interrompe a obra do serial killer e tem de decidir rapidamente entre ajudar as vítimas ou evadir-se incógnito. Ao optar pela primeira hipótese, abrem-se as dificuldades de confecção da trama. Primeiro, a exagerada panóplia de armadilhas. A única oportunidade de montá-las seria depois de dominar a família proprietária e, aí, perde o sentido. Se já os subjugou e aprisionou na cave, fazendo deles objecto de tortura, para quê armadilhar a casa toda? Esperava alguma surpresa?
Como entretenimento, O Coleccionador cumpre pela mediania. Bombardeia os sentidos com uma banda sonora industrial e uma montagem rápida, tendo cuidado com o enquadramento, a iluminação e optando por uma adequada sujidade granulada da imagem, com o jogo do gato e do rato a desviar a atenção das falhas. Josh Stewart e Juan Férnandez enfrentam-se de ambos os lados da máscara (nunca se vê o rosto do Coleccionador), mas é Madeline Zima que mais aquece, a repetir o papel de adolescente rebelde a que habituou o público de Californication, exibindo um fugaz topless para recordar o primeiro episódio dessa série.
The Collector 2009

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