Tuesday, July 20, 2010

A Gruta, de Olatunde Osunsanmi

Quando se julgava que afinal havia outra, desconhecia-se a existência de uma terceira. No ano de 2005, não foram dois, mas três, os filmes com alpinistas em apuros. Neil Marshall lançou um grupo de aventureiras às entranhas da Terra (A Descida), Bruce Hunt atirou os seus à água (A Caverna) e Olatunde Osunsanmi passou completamente despercebido.

Olatunde Osunsanmi só viria a realizar novamente quatro anos depois (O Quarto Grau, 2009) e o seu percurso tem sido mantido na sombra, talvez porque ninguém se interessou em iluminá-lo. Também pouco iluminado é Within, que mudou de título para The Cavern, a aproveitar a boleia dos outros mencionados. Escrito e realizado por Osunsanmi antes deste ter aprendido a escrever e a realizar, o filme segue um grupo de oito spelunkers ao interior de uma gruta do Cazaquistão, onde são eliminados sumariamente enquanto correm às escuras. Literalmente.

As cenas exteriores do prólogo recorrem a um efeito de intensificação das cores, apenas para realçar a banalidade dos eventos, e o resto é filmado com recurso exclusivo à iluminação dos capacetes e lanternas dos actores, que pouco mais permitem ver do que focos estroboscópicos e muita imagem de câmara sacudida e até invertida, quando a opção não é pelo próprio bréu. O realizador deve ter considerado que estes artifícios reforçavam o realismo, mas não passam de infeliz economia de meios.

Ninguém sabe as motivações da equipa para além de querer explorar uma gruta ainda não cartografada ou porque se filmou ao largo de Los Angeles e se localizou em epírgafe o cenário como Cazaquistão, sem a preocupação de criar um ambiente que nos colocasse no Médio Oriente. O filme começa numa estepe, mostra a garganta de uma gruta e desenvolve-se no seu interior. A rodagem que devia ser claustrofóbica é tão disparatada que anula os efeitos que espera conseguir. Se surpreende, é pelo anedótico da caverna de papel maché e espuma pintada, como as dos parques temáticos. Numa cena aquática em que o monstro surge duas vezes (mas só se vê a água a esparrinhar), a música soa épica quando devia ser grotesca, confundindo o seu objectivo. Os actores gritam a plenos pulmões, mas não é o mesmo que uma banda sonora decente. Estes novos realizadores não aprenderam nada com John Carpenter?

A criatura assassina passa o filme inteiro fora do campo de visão, para no desfecho se perceber porquê. Sim, parece um fato de gorila com uma caveira de ruminante, porque é. Umas fotografias e uma analepse depois, salta sobre as mulheres do grupo, que guardou para sobremesa, e supõe-se que vá violá-las, mas alguém começou a jogar futebol com a câmara e há um corte abrupto para a ficha técnica. Se alguém recorda o horrível Eegah!, de 1962, poderá rir-se da inspiração de Olatunde Osunsanmi (já agora, tem nacionalidade norte-americana). O que poderia ter sido uma medíocre curta metragem transforma-se numa tortura pelo tédio.

Within / The Cavern 2005


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