Tuesday, November 24, 2009

A Tribo, de Jorg Ihle


Dizer que A Tribo nem aos fãs de Jewell Staite interessa, não é um eufemismo. A história mais interessante por trás do filme encontra-se nos bastidores, não da filmagem, mas da produção. Filmado entre 2006 e 2007, acabou por encontrar o cenho franzido do produtor Mo Ramchandani, que exigiu extensas refilmagens, o que não encontrou a disponibilidade do elenco, entretanto disperso. A boa vontade do produtor foi tal que atirou a bobina para a prateleira e contratou um novo realizador, argumentista e actores, rodando tudo de raiz. Apenas o mimo que faz de macho alpha da tribo foi mantido (um duplo chamado Terry Notary).O novo filme terá o título A Tribo Perdida e é previsto para o final do ano.

Jewel Staite, conhecida do grande público como a querida mecânica da série Firefly e subsequente filme Serenity (2005), acabou por ser dispensada da obrigação de repetir as suas cenas com a acusação de ser uma prima donna, mas vozes mais conciliáveis invocam a necessidade de estar no set da na série Stargate Atlantis (entre 2005 e 2009, entrou em 33 episódios) e subsequente filme Stargate Extinction (2009) como razão para a sua exclusão.

A Tribo surgiu em 2009 directamente para vídeo, provavelmente para aproveitar a celeuma, e isso faz de A Tribo Perdida um remake produzido antes da estreia do original. O que dizer da versão que o produtor pôs na prateleira? Que devia ter ido para o lixo.

Jewel Strait apresenta-se com uns quilos a mais e um papel serôdio, que parte num iate geração minúscula em busca de um resort nas Antilhas, mas vai parar a uma ilha que não consta dos mapas e é habitada por uma tribo de canibais (com ar de macacos do 2001 – Odisseia no Espaço) desejosa de carne que não lhes deixe pêlos agarrados aos dentes. Como já se percebeu que se trata de uma película de vitimização numa ilha perdida, cabe indicar que, com ela, seguem o musculado namorado (Justin Baldoni), o irmão deste (um jovem de cara mimada e um sério problema de calvície), e um casal amigo constituído por um gordo e a sua interesseira e jovem esposa (Nikki Griffin, um corpo espectacular completamente desperdiçado).

As parvoíces da história: logo à partida notam que o GPS está estragado, mas abalançam-se de qualquer modo; o iate encalha nas rochas e todos os tripulantes caem no mar, independentemente de estarem no interior da embarcação; a bagagem dá milagrosamente toda à costa e no sítio onde eles acordam; o namorado desaparece, deixando a toalha onde dormia cheia de sangue e um rasto na areia em direcção à selva, mas afinal o sangue proveio de uma ferida na perna que nem sequer o impede de correr como um profissional; a tentar salvar a vítima de uma armadilha, suspensa de uma árvore, o irmão do namorado cai de uma árvore, o equivalente a três andares de uma construção urbana, e desata a correr como se nunca tivesse saído do chão; a meio da perseguição que a tribo lhes move, os dois sobreviventes acham conveniente pararem no meio da selva para discutirem; os membros da tribo são cegos e precisam de cheirar ou ouvir as vítimas para as apanharem, directo plágio à A Descida(2005); e a heroína protege-se com uma gelatina mal cheirosa que confunde os sentidos dos tribais, da mesma forma que Schwarzenegger se cobriu de lama para não ser detectado peloPredador (1987); no final, corta a cabeça ao macho alpha e os outros dispersam e ela foge no bote do iate sem levar consigo a cabeça, o que teria ajudado a provar a sua inocência, porque vai ser a única dos cinco a regressar (partindo do princípio de que se safa).

The Forgotten Ones 2009

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