Thursday, September 10, 2009

Calafrio, de Isidro Ortiz


História de terror de produção espanhola, capaz de assustar apenas um público infantil ou de fácil sugestão. Santi é um adolescente que sofre de vampirismo. Uma mistura de fotofobia e meningite poderia explicar a hiper-sensibilidade à claridade e à luz do sol (é uma doença da retina) e a meningite as hemorragias vasculares, mas os dentes caninos exageradamente evoluídos ficam-se pelo reino da fantasia. Santi não aguenta a luz do dia, mas não tem força sobre-humana nem a sua dieta inclui sangue humano. Aliás, é tão pacífico e cobarde que convence a mãe a mudarem-se para o norte só porque é gozado na escola, indo ambos parar a uma localidade rural onde o sol marca pontos pela ausência. Ainda a tentar habituar-se à mudança de ares, é implicado em dois homicídios que ocorrem nos bosques.
Se perdemos metade do filme a cogitar sobre a doença de Santi, já após o filme ter terminado a questão que permanece é: para que serviu todo esse artifício? De resto, o monstro é outro, e não percebemos se é mau por natureza ou só é agressivo quando é atacado. O mistério, esse, é pobre, perde-se demasiado em clichés e as cenas chave são filmadas com um cuidado tão excessivo que se tornam anedóticas. A sonoplastia é péssima: as vozes off que gritam parece que cacarejam, as que choram parece que riem e as que respiram sem fôlego são tão descomedidas que nem respeitam os movimentos dos lábios do actor. As explicações surgem em formato de flashback, no final, e são tão insatisfatórias que teríamos ficado melhor servidos com uma verbalização sem imagens. A última cena, porém, permanece uma incógnita.

Eskalofrio 2008


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