No Natal de 1974, Black Christmas foi o filme choque de Bob Clarke, sobre um assassino nas sombras que eliminava, uma a uma, as estudantes de uma residência universitária feminina. Nunca é indiciada a razão da escolha daquela casa específica nem a motivação dos homicídios. O filme teve pouca adesão numa fase inicial, pensa-se que devido ao título alternativo de estreia Silent Night, Evil Night (por receio de que Black Christmas soasse racista), mas entretanto ganhou estatuto de culto. Surge agora um remake, escrito e dirigido por Glen Morgan, que é uma horrenda fantochada.
Verdade seja dita que muitas alterações foram exigidas ao guião proposto por Glen Morgan, que não incluía as cenas passadas no hospício, não arrancava olhos, ordenava os flashbacks na abertura e Agnes não era filha de incesto. O resultado final, contudo, é o que conta, e este remake não poderia ser menos qualificado. Inventa-se todo um passado atroz para o assassino, que adquire uma tonalidade de pele amarelo-alaranjada por efeito de um problema de fígado, presta-se a sexo anedótico com a mãe e até se canibaliza em churrasco de progenitura, antes de ser enviado para o sanatório. De resto, temos uma residência universitária com moças para todos os gostos (Kristen Cloke, Michelle Trachtenberg, Mary Elizabeth Winstead, Lacey Chabert…) - menos para quem gosta de negras, asiáticas e gordas - e um assassino com a peruca da Mãe Bates e a cara do Mickey Rourke em latex que liga às sobreviventes pelo telemóvel da última vítima, sendo que, invariavelmente, todos os telemóveis têm o mesmo tétrico ringtone natalício.
Meia dúzia de olhos arrancados depois, uma advertência a sex tapes que dão por si no youtube e muitos gritinhos irritantes, fica apenas um body count sofrido e muito pouca imaginação. A banda sonora está a cargo de Shirley Walker, compositora de Final Destination, de James Wong, produtor de Black Xmas e realizador de Final Destination 1 (com Kristen Cloke) e Final Destination 3 (com Mary Elizabeth Winstead).
Black Xmas 2006
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