Monday, April 27, 2009

Shutter, de Masayuki Ochiai

Remake americano do filme tailandês homónimo de 2004, mais uma história de fantasmas com um pressuposto tão risível como avisos de morte em cassetes de vídeo, telemóveis e electrodomésticos avulsos. Desta vez, o fantasma toma forma em fotografias, mas o artifício é traído quando se materializa fora desse espartilho.

Com os japoneses Taka Ishise a produzir (o mesmo de Ringu e Ju-On) e Masayuki Ochiai, a realizar (Infection), a acção é transplantada para o Japão, a par do que ocorreu com de Ju-On, para onde se muda um casal americano. O fio condutor é fiel ao do original, sendo apenas de cosmética as alterações mais óbvias. Admissivelmente, os eventos traumáticos que justificam a vingança penada são mais coerentes.
Rachael Taylor começa a florir. Em Transformers era demasiado pimpona e em Bottle Shock demasiado pita, mas em Shutter deixa evidenciar talento e beleza (recusou participar em Transformers 2 porque, cito, «é uma coisa que já fiz»). Joshua Jackson preferiu dar provas contrárias, tornando evidente que não leu o guião nem sabe o que é esperado do seu personagem. Megumi Okina, a actriz que no Ju-On original era perseguida pela fantasma é agora a má da fita. James Kyson Lee (o amigo do Hiro Nakamura da série Heroes), Espécie de Lost in Translation com fantasmas, Shutter tem uma excelente direcção de fotografia e pode até revelar-se instrumental para o turismo nipónico. A banda sonora de Nathan Barr também contribui, ele que já compôs para o turismo da Europa de Leste em Hostel e Hostel 2 e para o turismo rural americano em A Cabana do Medo, todos de Eli Roth.

O título Shutter («objectiva») refere-se à captura de imagens de fantasmas em fotografia («spirit photography»), e são as pistas encontradas em fotografias onde o espírito se manifesta que conduzem a investigação.

O argumento de Luke Dawson tenta tirar partido da história original e também da diferença de culturas, mas rapidamente se embrenha em incongruências e na tentativa de reproduzir sustos saídos do manual de instruções. Como a produção apostou num público de idade PG-13 (Maiores de 13 Anos), o nível de intensidade é muito baseado em coisas que não se vêem e a alma penada tem aspecto humano e não de cadáver. Dawson tem uma predilecção idiota por portas abertas para evitar enguiços (ir à procura de um fantasma num edifício de escritórios não tem o que enganar, é só subir de elevador e avançar pela porta do escritório em questão, que por sorte até está vazio; ou quando se quer entrar no apartamento de um amigo ocupado em cometer suicídio) e comete ainda outros erros: não soluciona a acusação de namorada obsessiva (pelos flashbacks, não vemos nenhum indício que o corrobore), e, se o fantasma já sem manifestara nos EUA, porque é que não estragou nenhuma fotografia nem fez peso lá?

Shutter já tinha originado um remake indiano, Sivi (2007).

Shutter 2008

No comments:

Post a Comment