Filme tão decepcionante quanto o argumentista/realizador. David S. Goyer é o nome por trás dos argumentos de Implacável – Death Warrant (filme com Jean-Claude Van Damme) e Nick Fury: Agente da SHIELD (David Hasselhoff), mas também de Crow II, Dark City, Jumper, da trilogia Blade e do reboot de Batman (Begins e Dark Knight). Atrás das câmaras, assinou recentemente os fracassados Blade 3 (2004) e Invisível (2007).
Espírito do Mal é mais um filme de terror produzido por Michael Bay, que parece produzi-los em série, não se cingindo aos remakes de clássicos de que tem sido pródigo, exemplos dos quais são Massacre no Texas (2003), Sexta Feira 13 (2009) e Pesadelo em Elm Street (2010).
A credibilidade de
Espírito do Mal é afectada logo aos 20 minutos de duração, pela frase «Jumby quer nascer já». Não só o nome Jumby é ridículo para um monstro, como a frase (inclusa em alguns cartazes publicitários) entrega logo todo o mistério. A sofrer de falta de juízo e de imaginação, pouco ou nada sobra a este óbvio exercício de ineptidão. Mistura um menino fantasma com memórias de Auschwitz e atira-lhe para cima com um exorcismo judaico (porque a alma penada não é católica).
Os espelhos são portais (apesar da entidade aparecer em todo o lado, quer haja espelhos quer não), as crianças corrompíveis (a que propósito é que o filho dos vizinhos funciona como mensageiro da entidade e não sofre o menor trauma ao ser atropelado?) e o espírito consegue, aparentemente, possuir toda a gente sem a menor dificuldade, menos a protagonista, que é quem ele realmente quer. A explicação de que é mais fácil possuir gémeos não colhe dividendos, pois todas as evidências apontam o contrário. Além disso, se o espírito ainda tem o aspecto do menino que possuiu durante o período nazi, isso significa que em sessenta anos não possuiu mais ninguém? Mas na fase final do filme passa de corpo para corpo como quem respira.
Odette Yustman (sósia de Megan Fox, já vista em
Cloverfierld) é muito bonita e olhar para ela é um prazer, mas também cansa. Cam Gigandet é o
eye candy para o público feminino, mas o
appeal do
bad boy de OC e
Twilight já faz bocejar. Gary Oldman e Carla Gugino são dois nomes totalmente desperdiçados. Ela, pelo menos, safa-se em poucos segundos, sem sequer abrir a boca, mas Oldman é um rabi que não acredita em
dybuks (o título judeu para o demónio em questão) e tem de dirigir um exorcismo para expulsar um .
Espírito do Mal é indescritivelmente mau. A história é intragável, as reacções dos personagens não são credíveis, os efeitos especiais são caseiros (a cabeça do velho a rodar parece ser feita em stopmotion capture com uma fotografia da cabeça) e o realizador nem sequer é capaz de estabelecer uma atmosfera inquietante. A música de Ramin Djawadi começa com algum ímpeto, mas desinteressa-se das imagens ao mesmo tempo que o público.
The Unborn 2009