Saturday, December 6, 2008

Nas Costas do Diabo, de Guillermo del Toro

Blade 2 (2002) e Hellboy (2004) estabeleceram em Hollywood o realizador mexicano Guillermo del Toro, e não há dúvida de que ambos trabalhos apresentam uma solidez a toda a prova. Após ter visto Cronos (1993), o aclamado Pedro Almodóvar indicou a del Toro que pretendia produzir o seu filme seguinte. Em 1997, houve ainda tempo para Mimic, uma experiência irrepetível para o realizador, por causa das constantes discussões com o produtor Bob Weinstein (produtor do filme e dono da Miramax), num projecto que era para ter sido apenas uma curta metragem de 30 minutos.

Com produção El Deseo S.A., Nas Costas do Diabo é o filme que Guillermo del Toro apresenta como o irmão de O Labirinto do Fauno, uma história de fantasmas de uma pobreza estarrecedora, tão penoso de assistir como vácuo é de ideias.

Passado num infantário, durante a guerra civil espanhola, por onde vagueia um menino falecido desde a noite em que uma pesada bomba caiu de um avião mas não deflagrou, pairando esta ainda no pátio, como uma sentença de morte à espera de ser escrita. Ao lar doce lar dos meninos abandonados chega um novo órfão, daqueles decididos a solucionar mistérios, e entre essa pessegada e um empregado que divide o seu tempo como amante da directora do orfanato e a sonhar com o ouro que esta guarda no cofre, arrasta-se uma película sem a menor chama.

Optando por uma abordagem clássica e académica, o filme tropeça em todos os clichés do género, incluindo o do menino que se esconde no armário para não ser apanhado pela alma penada, que roda a maçaneta do lado de fora e se esquece que as almas penadas atravessam paredes. Se Marisa Paredes (musa de Almodóvar) e Frederico Luppi (que pudemos ver este ano em O Enigma de Fermat e já representara para del Toro em Cronos e em O Labirinto do Fauno), estão irrepreensíveis, infelizmente pouco contribuem para a história. É Eduardo Noriega (que Alejandro Aménabar dirigiu em Tesis e Abre Los Ojos) quem tem uma prestação sem a menor credibilidade, que recai unicamente em esgares e frases cuspidas sem determinação. Para piorar as coisas, é o seu personagem que faz despoletar todos os acontecimentos.

Para além dos pindéricos efeitos especiais em photoshop trial version, fica a questão: se o que a alma penada queria era vingar-se de um personagem específico e podia vaguear por todo o orfanato, porque desperdiçou inúmeras oportunidades de atacar alguém que nunca se escondeu?

El espinazo del diablo 2001

2 comments:

  1. Filme obrigatório pela sua qualidade. Até mesmo para quem nao aprecia terror, porque afinal, é um thriller e acaba por nao ser terror. Mas engana bem...

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  2. nem é um filme de terror nem um thriller, é uma história de fantasmas. há uma diferença, porque o âmago não é o medo nem a violência, mas um mistériozito que envolve uma alma penada.

    Se queres uma quase obra prima de gelar os ossos, vê o Tese, do Alejandro Amenabar, que tem um dos actores deste filme.

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