Os zombies são uma fonte de rendimento (ainda que não de inspiração) inesgotável e os espanhóis recusam-se a largar o osso. Assim como, ao cabo de dez minutos de filme, Ring 2 (2002) deitou fora a cassete assassina, [Rec 3] Genesis atira o conceito de vídeo caseiro às urtigas, passando para uma steadycam em menos de meia hora. Apesar da relativa originalidade de [Rec] (2007) assentar precisamente nessa técnica, não haveria aqui grande reclamação pois, se esta já não era fresca então, actualmente ultrapassou o ponto de saturação. Infelizmente, há mais a ligar ambos filmes: a possessão demoníaca como justificação e a nulidade que é como entretenimento.
Jaume Balagueró continua como produtor executivo, mas o guião e a realização ficaram a cargo de Paco Plaza, co- dos anteriores. No filme original, mencionava-se numa enzima, que estaria por trás da possessão da niña Medeiros, algo contagioso e que se propagava como o vírus da gripe. Já aí ficava por entender como é que o Vaticano optara por manter uma possível vítima de possessão demoníaca num velho apartamento do centro de Madrid, com análises laboratoriais a serem conduzidas com provetas sujas e relatórios de progresso registados num gravador de bobinas com quarenta anos mas, enfim, piscava o olho a Evil Dead e era graficamente adequado ao ambiente criado.
[Rec 2] (2009) reaproveitava o mesmo evento pela perspectiva de novas câmaras, mas [Rec 3] deixa completamente o molde. A acreditarmos que o tio veterinário, mordido por um paciente, será o portador do vírus, fica por explicar a presença policial antes mesmo de o contágio começar. Este filme permite apenas a conclusão de que o vídeo de uma boda é uma experiência secante, mesmo quando dá literalmente para o torto. Nem a carinha laroca de Letícia Dolera salva a honra do convento.
Rec 3 2012
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