Depois da trilogia Hostel passar por Amesterdão (2005) e Eslováquia (2007) e antes de chegar, directamente para vídeo, a Las Vegas (2010), Srdjan Spasojevic trouxe o torture porn para a Sérvia natal, mas não soube o que fazer com ele. O argumento misturou snuff, pedofilia e até necrofilia, mas é tão plástico, encenado e tosco que é impossível levá-lo a sério.
O seu primeiro pecado é demorar a desenvolver. A curiosidade criada em torno de um filme mistério, para o qual um ex-actor porno é convidado a participar, por uma elevada quantia, não é suficiente e vai esmorecendo, tanto mais que os primeiros dias de filmagens são realmente entediantes. A desilusão não se fica por aqui: no reino da pornografia violenta, o filme envergonha-se. Tenta convencer o público de que é, ou vai ser, chocante, mas vacila ante a apresentação de um simples pénis, recorrendo a evidentes dildos de silicone, e até se esquece de juntar sangue à excisão de um. A cobardia, numa película que já pertencia à categoria M/18, não pode ser premiada.
Finalmente, o realizador entra em pânico e o filme torna-se surrealista, passando a depender de flashbacks e de todos os efeitos gráficos que vêm com a câmara. Sem que se perceber o que são alucinações, memórias ou presente, instala-se o desnorte e a confusão, com um lavar dos cestos que já nem pode considerar-se vindima e muitas respostas por esclarecer. Outras, porém, são tão previsíveis que se adivinham, como a identidade do violador encapuzado. No meio deste desperdício, fica o lamento de Um Filme Sérvio não trazer nada de novo.
Srpski Film 2010