Saturday, October 1, 2011

Actividade Paranormal 2, de Todd Williams

Em 2007, foi efectuada uma enorme campanha de promoção a um filme de terror amador, filmado com uma câmara de vídeo pessoal, técnica que, desde Blair Witch Project (1999) já tinha sido utilizada por uma grande quantidade de gente. O selo de qualidade vinha de uma cópia caseira ter eventualmente assustado tanto Steven Spielberg que este tivera de deitar fora as cuecas usadas durante o visionamento e o leitor de DVD onde assistira ao filme, com medo de tocar no disco. O que só prova que Spielberg se assusta com qualquer coisa ou já dera início à campanha de promoção de Actividade Paranormal, cuja distribuição sugeriu ele próprio à Paramount, e ainda que fosse alterado o final, de maneira a tornar possível uma sequela.

Entretanto, o manto de autenticidade foi levantado e Actividade Paranormal 2 não passa de um mal necessário. Quatro argumentistas e um realizador com mais experiência (A Porta No Chão, 2004) não trouxeram nenhuma mais valia. A escolha de uma actriz (Sprague Grayden) já sobejamente conhecida da televisão também não ajudou à credibilidade. A sequela é igualmente uma prequela, com lugar antes, durante e depois do que aconteceu no primeiro filme. Agora, a acção passa-se na casa da irmã de Katie e Micah (os protagonistas do primeiro filme). Se aqueles não eram intelectualmente estimulantes, a família de Kristi vai pelo mesmo caminho. Pelo menos, Molly Ephraim, a representar a filha adolescente, é agradável à vista, se comparada às filmagens monótonas dos vários locais da casa protegidos com vídeo-vigilância.

Não há como adoçar a pílula: Actividade Paranormal 2 é uma frustrante perda de tempo e uma lição a quem não a aprendeu com o original. Uma vez mais, é um filme que põe a audiência a olhar para gravações vídeo onde nada acontece, atenta a cada sombra que justifique o compromisso. Aos 35 minutos, o único facto assustador é uma panela que cai do suporte vertical, na cozinha (provavelmente, o fantasma queria uma omeleta e não sabia pedir). Mais tarde, a entidade aprende a ligar a televisão durante a noite e, numa dessas sessões, deve ter visto o Sexto Sentido (1999), porque se lembra de abrir todas as portadas dos armários da cozinha de uma só vez, assustando a dona da casa, que até então andava só desconfortável (a queda da panela não lhe saía da cabeça). Também retira um bebé da sua cama gradeada, mas numa montagem cheia de cortes, para não se perceber como foi feito. A cena que envolveu mais logística terá sido outra, onde Kristi é sugada do primeiro andar até à cave. Ou usaram um aspirador industrial, ou apagaram os cabos na pós-produção.

Se fosse feito um fastforward para as cenas boas, rapidamente encontraríamos os créditos finais. Quanto às explicações para o mistério, não há como a imaginação de uma adolescente e a Internet. Meia dúzia de clics e já aventura que uma bisavó de Kristi poderá ter feito um pacto com um demónio para se tornar rica e que o demónio quer em troca o seu primogénito, coisa que não nasce de um ventre da família desde a década de 1930. Mas, cabe perguntar, se aquilo que a entidade quer é o bebé Hunter, para que desperdiça a sua eternidade a abanar panelas e a bater com portas, em vez de ir directamente ao pote? Teve meses para fazê-lo. Até podia ter largado uma panela na cabeça do bebé.

O uso da câmara subjectiva também se torna anedótico, pelo uso excessivo. Em muitas cenas, não é mesmo aceitável. De qualquer modo, reconhece-se o esforço de tentar manter a essência do filme original e unir as pontas soltas, nomeadamente como o fantasma transitou da casa de Kristi para a de Katie. Claro que, se o que o fantasma quer é o bebé, não faz o menor sentido. Oren Peli, o realizador do original, ocupa funções de produtor aqui e em Insidioso(2010), uma variação do mesmo tema.

Paranormal Activity 2 2010


2 comments:

  1. AI, PERDI TEMPO ASSISTINDO ESSE FILME. O FINAL DELE NÃO CASA COM A ESTÓRIA DO FINAL DO PRIMEIRO.
    a IRMÃ DELA É PRESA DEPOIS QUE MATA O ESPOSO (NO PRIMEIRO) E NESSE SEGUNDO ELA APARECE, MATA TODO MUNDO E SOME COM O MENINO E NO FINAL FALAM QUE ELA NUNCA FOI ENCONTRADA...

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  2. Simone, há dois finais alternativos em Actividade Paranormal. No original, a polícia intervém e acaba por matar a esposa, porque ela tem uma faca na mão. Esse final é apenas encontrado nas versões baixadas da internet.

    steven spielberg obrigou o realizador a alterar o final e, nas salas de cinema, o filme acaba com a esposa a ficar com uma cara demoníaca e a atirar o corpo morto do marido contra a câmara de vídeo. no ecrã preto, informa-se que ela nunca mais foi vista.

    Acho que vc viu a versão pirata.

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