Sunday, May 31, 2009

The Poughkeepsie Tapes, de John Eric Dowdle

Falso documentário sobre um serial killer nunca apanhado pelas autoridades norte-americanas, conta com a reconstituição de alguns dos crimes e entrevistas a intervenientes da investigação, mas o elemento decisivo do projecto seria o espólio de cassetes de vídeo encontradas em casa do criminoso. Essas fitas, que dão título ao filme, em vez de chocantes, dão uma pálida ideia do amadorismo do autor, John Eric Dowdle, que escreveu, realizou e editou um autêntico sub-produto da cultura veoyeurista do mais simplório possível.

O que poderia ter sido uma mera justificação para que uma equipa de efeitos especiais caseiros desse a conhecer os seus méritos num festim gore é, afinal, uma envergonhada amostra de cenas discretas e mal montadas, recorrendo permanentemente a uma imagem distorcida, granulada e com desajustes na cor. Os fragmentos dos monólogos dos agentes do FBI, técnicos forenses, familiares e vizinhos das vítimas, não são credíveis no seu conjunto, tão desequilibradas são as prestações dos actores.

Sem a menor exigência ao nível narrativo, de direcção ou representação, não é de admirar que a banda sonora, de um assalariado músico de estúdio (Keefus Ciancia), soe a minimalismo industrial num sintetizador para crianças. Não surpreende, também, que o filme seguinte de Dowdle seja um apressado remake (Quarentena, 2008) de um filme de terror espanhol (Rec, de 2007), filmado de câmara ao ombro e recriando cada cena sem vivacidade ou suspense.

The Poughkeepsie Tapes vive do hype criado em seu redor por uma campanha de marketing que aprendeu com O Projecto Blair Witch, mas com um produto que não lhe chega aos calcanhares. E o mais cómico é que os envolvidos tentaram, durante o período em que o filme batia os festivais de cinema, fazê-lo passar por um verdadeiro documentário. Para além de os actores não serem convincentes (então o pacóvio que diz que viu todas as cassetes e ficou muito impressionado é o cúmulo da incompetência), as gravações do assassino são muito pobres e o twist final traduz-se num enxerto muito mal concebido (julgamento/execução/twist). O mais curioso, porém, não se encontra no filme,mas na realidade: a actriz que representa a principal vítima de tortura e humilhação é casada com o realizador (Stacy Chbosky).

The Poughkeepsie Tapes 2007

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