Monday, June 15, 2009

Babysitter Wanted, de Michael Manasseri e Jonas Barnes

O que mais surpreende em Babysitter Wanted é tratar-se de um logro intencional. Apesar de ir aguçando a curiosidade, esforça-se por causar uma inicial sensação de previsibilidade, que não chega a ser irritante mas tem o seu quê de forçado. Claro que tal serve para preparar o terreno para a inesperada segunda parte.

Mistura de Chamada de um Estranho (1979), The Omen (1976) e Texas Chainsaw Massacre (1974), começa como o típico filme de babysitter com um stalker, ao ponto do vulto a perseguir até à sala de aulas e à porta do dormitório, onde ela olha directamente para ele antes de seguir caminho. Depois vem a noite, a casa fica perdida no campo e tocam os telefonemas em que ninguém fala e os duvidosos barulhos em redor. Longe de original, é contudo de eficiente confecção, especialmente na cada vez mais difícil habilidade de criar suspense. Até dos simpáticos pais da criança se desconfia. E mais dúvidas são criadas quando vemos a carne vermelha que constitui a dieta do menino e o altar dentro de um armário.

Filme que não acerta totalmente na marca, mas que se aproxima bastante, considerando que apostou num alvo em constante movimento. Quer isto dizer que não é um objecto estático mas, como se intui pelas referências acima, espantosamente híbrido. A tensão, o humor negro e as piscadelas de olho a diversos clássicos estão bem trabalhados e as representações de Sarah Thompson e Bruce Thomas são excelentes (em relação ao actor, é de recordar que este começou a carreira como um mini-Ash, em O Exército das Trevas, e repete aqui uma boa imitação de Bruce Campbell). Apesar de os efeitos especiais se dividirem entre o aceitável e o muito pobre (o latex rugoso usado para o talhante nem por sombras se confunde com a pele imaculada da adolescente que faz de vítima), a qualidade do conjunto permite desculpar essa limitação, especialmente no que toca à gratificante música de Kurt Oldman.

O filme de Michael Manasseri e Jonas Barnes (com argumento do segundo) tem a sua quota parte de defeitos, muitos dos quais derivados da inexperiência e baixo orçamento, mas compensa pelas alterações que faz à receita. Claro que um stalker com a cara cheia de cicatrizes não passaria tão despercebido numa comunidade alerta e é de estranhar que faça barulho ao caminhar no mesmo soalho por onde a babysitter escapa com passinhos de lã, mas há a diferença de peso a desculpar. De resto, vale a pena pelas pequenas surpresas que é capaz de administrar e por trocar constantemente as voltas ao que parecia um projecto banal e previsível. E temos a presença de Bill Moseley, rosto inquietante de Massacre no Texas 2 (1986), Casa dos 1000 Cadáveres (2003) e Os Renegados do Diabo (2005).

Babysitter Wanted 2008

3 comments:

  1. :)
    A sério qu eue não sei como é que há gente que gosta disto!!Sou muito cinéfila,cineclubista em tempos até.Mas filmes de horror ou terror nunca me activaram.Vi de vez em quando, um ou outro, na Tv,mas não me puxa.Não que fique assustada mas também não acho muita piada.Achei o teu blog por acaso e achei piada ao título: cinemedonho!!!:) Escreves bem!!!

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  2. Obrigado :)

    Por alguma razão, não recebi notificação deste teu comentário e só agora estou a vê-lo, totalmente por acaso.

    estava indeciso entre cinemedonho ou cinemacabro, mas descobri que um otário inventou o cinemacabro, fez um post e nunca mais lhe tocou, estragando assim o título do blog para quem quisesse dar-lhe melhor uso. mas cinemedonho, modéstia à parte, também não está mal.

    Adoro cinema de terror, mas não só. Aliás, os textos que aqui vês pertencem primariamente ao meu blog Axasteoquê?!?, que já existe desde 2005 e tem uma extremamente diminuta legião de fãs incondicionais. Se preferes outros géneros de cinema, estão lá todos. espero ver-te por lá.

    ainda bem que há acasos :)

    fica bem.

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