Quanto às curtas metragens, Clive Barker concebeu-as com um grupo de amigos, entre os quais se incluía Doug Bradley (que mais tarde seria Pinhead, na saga Hellraiser), nas traseiras de uma florista, durante a noite. Sem quaisquer conhecimentos ou experiência de mise en scéne ou iluminação, os amigos reuniam-se para jogarem com imagens e as histórias de Salomé e de Fausto, de modo tão conceptual e críptico que os enredos só seriam perceptíveis, quando muito, aos envolvidos. Salomé não passa de um conjunto de figuras fugazes, filmadas em 8mm num preto e branco muito granulado, e The Forbidden recorre ao negativo de um filme de 16mm para efeitos invulgares (e porque a revelação em positivo era demasiado cara), especialmente numa bem sucedida cena de autópsia, em que diversas camadas de pele e carne são retiradas de um corpo humano. A cena foi criada através da pintura de várias camadas de tinta sobre a pele do actor e a sua descolagem por camadas. O actor em questão era Pete Atkins, mais tarde argumentista de Hellraiser 2, 3 e 4.
Surrealistas, introspectivos e crípticos, com uma clara influência de Kenneth Anger (impenetrável simbologia de ocultismo e homossexualidade velada), Ginsberg e Warhol, os dois projectos foram brevemente exibidos em art houses e teriam caído no esquecimento se o nome do seu autor não tivesse sido catapultado pela previsão, hoje equivocada, de Stephen King, de que Clive Barker seria o futuro do Terror.
Salomé & The Forbidden 1973-1978
No comments:
Post a Comment