Uma vez que se comece a olhar por cima do ombro, nunca mais se pára. O segundo filme escrito e realizado por David Robert Mitchell é um discreto mas intenso pequeno filme de terror, filmado com sonolência e elegância antes de acelerar a adrenalina e o nervosismo, sendo capaz de absorver integralmente a atenção do cinéfilo.
A premissa reconhece-se facilmente do twist de The Ring (2002), onde uma força maligna não parará por nada até matar a sua vítima, a menos que esta transfira para outra o testemunho, livrando-se do mal e passando-o para a seguinte. A novidade, ainda que sub-reptícia, é digna de antologia: corrompendo os cânones clássicos do sub-género de terror adolescente, em que a virgem sem vícios tem mais hipóteses de sobrevivência, a peçonha é aqui transmitida à heroína sexualmente e esta só pode salvar-se tendo sexo com outro parceiro, transferindo-lhe assim a maldição, com uma nuance suplementar: se essa vítima for morta, a assombração regressará à vítima anterior, e assim sucessivamente. Poderá, neste caso, ser necessário ter mais sexo.
Novamente, não é a originalidade da ideia base que conta, mas o que se faz com ela e David Robert Mitchell sabe o que faz. Com Maika Monroe, que parece irmã de Brie Larson (Keir Gilchrist, que contracenou com Brie Larson em As Taras de Tara, também entra neste), e Jake Weary, que parece irmão de Joshua Jackson. Como defeito que ninguém reparou, algum uso excessivo da maquineta rotativa que permite à câmara um movimento semi-circular, demasiado mecânico e hirto, eventualmente por a constrição orçamental ter obrigado ao recurso de um modelo modesto. O orçamento de 2 milhões de dólares, porém, já foi largamento ultrapassado em bilheteira.
It Follows 2014
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