Arnold Schwarzenegger num mundo infestado de zombies, a cuidar da filha infectada por uma mordida, num drama melancólico e pastoral, sensível e, dado o contexto, bastante interessante. Ao tratar, até ser demasiado evidente que a filha está a transformar-se numa figura fantasmagórica, o contágio como qualquer outra doença terminal de rápida progressão, Maggie é, na sua essência, a tocante despedida de um pai a uma filha a quem restam apenas alguns dias de vida, os quais ele tenta assegurar-se de que são o mais confortáveis possível, sabendo que, inevitavelmente, chegará o momento em que ambos terão de ser confrontados com a sua própria mortalidade.
Henry Hobson, designer de sequências de abertura e fecho de inúmeras longas metragens e jogos de consola, estreia-se aqui na longa metragem com uma força inacreditável, especialmente pelo facto de a história ser tão esparsa que, ao fim de uma hora, é possível questionar como pode ainda ser preenchida a meia hora restante. Mas Hobson não desilude, evitando sempre cair na banalidade. Ou, sem sair desta, arrancar-lhe uma estranha beleza, elevando o guião de John Scott 3 a uma daquelas fotografias que valem mil palavras, daqueles quadros de museu que se podem admirar durante horas, até as luzes se apagarem e os seguranças ameaçarem chamar a polícia.
É considerado o segundo filme de terror da carreira do Mr. Universo, mas nem este nem Os Dias do Fim (1999) integram esse género, apesar de envolverem criaturas sobrenaturais que normalmente lhe estão associadas. É o segundo filme de zombies de Abigail Breslin, depois de Zombieland (2009). Apesar de Schwarzenegger figurar entre os produtores, parece que o ambíguo nome da produtora Sly Predator Productions nada terá a ver com Sylvester Stallone. A reforçar esta visão, a noção de que os primeiros actores convidados foram Chloe Grace Moretz e Paddy Considine. Por último, referir o contributo da música de David Wingo e a fotografia de Lucas Ettlin.
Maggie 2015