Filho do dono de uma sala de cinema no Texas, um aborrecido professor do ensino secundário e operador de câmara de documentários de 31 anos reuniu um grupo de colegas e alunos e revolucionou o cinema de terror, com o chocante Massacre no Texas (1974). O filme abriu-lhe as portas de Hollywood, mas o talento não entrou. Depois de Steven Spielberg se ter visto obrigado a substitui-lo na direcção de Poltergeist (1982), Tobe Hooper assinou contrato com a produtora Cannon e da mediania seguiu até à mediocridade, com os seus filmes a passarem rapidamente a direct-to-video. Para a televisão, adaptou razoavelmente a incursão de Stephen King pela lua cheia com Salem’s Lot (1979), mas foi anódino o serviço prestado a Freddy Krueger (episódio No More Mr Nice Guy, da série Freddy’s Nightmares). Quando, no documentário Flesh Wounds: Seven Stories of the Saw (2006), o director de fotografia Daniel Pearl reclamou a autoria dos mais imaginativos ângulos de câmara e enquadramentos de Massacre no Texas, tornou-se claro que o sucesso desse filme não de devia ao mérito do seu realizador.
Toolbox Murders (2003) é um remake de The Toolbox Murders (1978) apenas no título mas, qual cego a seguir outro cego, não lhe acrescenta nada. No filme original, um encapuçado matava três mulheres num complexo habitacional e regressava no dia seguinte para eliminar a última e raptar uma adolescente. Tratava-se de uma história de patologia e violência urbana, onde um homem destroçado pela perda (da filha) perdia o controlo ao ser ofendido por uma condómina (a primeira vítima) e se via obrigado a suprimir duas testemunhas (uma que o vira a sair do apartamento do primeiro crime e outra que o flagrava durante o segundo homicídio). Como perdido por cem, perdido por mil e o deboche é um crime punível aos olhos dos iníquos de Deus, regressaria no dia seguinte para matar uma condómina que gostava de dançar à janela em roupa interior e raptar uma adolescente que lhe lembrava a filha (falecida num acidente de viação). Inesperadamente, o filme ainda incluía menções a incesto (entre primos) e uma tesoura. Um filme mau, que podia ter sido, pelo menos, melhor.
O remake tem, em comum, apenas a caixa de ferramentas e, bem, condóminos. Num prédio em obras, um indivíduo anda de apartamento em apartamento a matar residentes, uns mais irritantes, neuróticos ou bisbilhoteiros do que os outros, e uma nova moradora decide investigar o desaparecimento da vizinha do lado, quando esta não aparece para o jogging matinal. É um slasher de pacote, de sabor televisivo, sem alma nem elementos redentores. Ao contrário do original, invoca o ocultismo e namora o ambiente da casa assombrada, mas todas as mortes se servem de utensílios dos trabalhos manuais. Nem as presenças de Sheri Moon (ainda por casar com Rob Zombie), Angela Bettis e Juliet Landau salvam o filme da nulidade. Para falso remake, conta já com uma sequela de título Baby Coffin (2013). Sem menção a Toolbox Murders. Teria sido uma jogada para distanciar-se deste fiasco? Aparentemente, o consenso é de que é ainda pior …
The Toolbox Murders 2003
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