Marcus Nispel vem do mundo dos videoclips musicais e não podia ter-se estreado de modo mais airoso. Massacre no Texas estava carregado de suspense genuíno e de adrenalina em quantidades sustentadas, capitalizando na actriz Jessica Biel e num argumento potenciado por ligeiras alterações face ao original de Tobe Hooper em 1973. Após uma acidentada incursão televisiva no universo de Frankenstein (numa encarnação de Dean Koontz e não Mary Shelley), Nispel ataca o seu terceiro monstro sagrado: Jason Voorhees.
Sean Cunningham, em 1980, realizou Sexta-Feira 13 com a corda ao pescoço e o resultado foi, para além de evitar a falência da sua produtora, uma saga que conta, hoje, com 13 filmes e rios de sangue… verdinho. A ideia era simples: colocar um grupo de jovens num local isolado (um campo de férias perto de um lago) e matá-los um a um. No final, a surpresa da inesperada identidade do assassino. Nesse primeiro filme, era a Srª Voorhees, que vingava o afogamento do filho pelo desleixo dos instrutores do campo. Na sequela, o filho desfigurado prossegue a missão homicida, com um saco enfiado na cabeça e um único olho à mostra. No terceiro filme, Jason usa pela primeira vez a máscara de hóquei que o tornaria famoso.
A nova versão não quis perder a máscara de hóquei e por isso surge como um remake, não do filme original, mas de uma espécie de amálgama dos três filmes. Começa com a decapitação da mãe e assistimos a Jason-saco-de-batatas tornar-se Jason-máscara-de-hóquei. Convencidos de que o público de há 30 anos é o mesmo da actualidade, os argumentistas decidiram não inovar em nada. A carne para canhão continua a ser constituída por jovens que só pensam em sexo e drogas e as meninas atinadas duram mais tempo; três cenas de topless para ser fiel ao espírito dos anos 80 e remar contra a actual maré politicamente correcta; o resto é mocada da grossa.
O novo Jason move-se bastante mais depressa do que o zombie dos tomos mais recentes, mas falha em imaginação. As mortes são discretas e pouco originais, ainda que efectivas e não desmereçam. É uma opção pelo realismo que já fora tomada em Massacre no Texas, mas num filme com uma história tão etérea, bem podia ter-se debruçado mais na criatividade homicida. A acção é rápida, não perde tempo a apresentar os personagens nem a liquidá-los. Aliás, para conseguir realizar treze homicídios em hora e meia, não há tempo a perder. Os protagonistas são reconhecíveis da televisão, com Jared Padalecki (Sobrenatural), Danielle Panabaker (Shark) e Amanda Righetti (Reunion) a darem o seu melhor em correrias e gritinhos. No cômputo geral, Sexta Feira 13 desilude, porque não arrisca. Limita-se a baralhar e a voltar a dar. Sem brilho, sem originalidade, sem energia.
Friday The 13th 2009