Wednesday, January 14, 2009

Presas, de Darrel Roodt

Cujo com leões. Uma madrasta e dois enteados adolescentes são encurralados dentro de um jipe, durante um safari em África, quando o guia turístico é comido por leões. Apesar de ter o mérito de não perder tempo com grandes introduções (as feras alimentam-se ao fim de quinze minutos de película), o filme não tem mais nada a seu favor.

A relação é tensa entre a madrasta e a enteada, mas esse estereótipo é o menos. Três dias dentro de um jipe, sob o flamejante sol africano, provocariam insolação suficiente para matar de desidratação, mas aqui pouco mais faz do que estragar os penteados. E fica provado que uma madrasta é capaz de correr mais com um tornozelo torcido do que uma leoa em boa forma.

Poder-se-ia falar de um ou outro pormenor ridículo, mas estaríamos a deixar inúmeros de fora. No seu todo, Presas apresenta tão pouca credibilidade como falta de emoção. É um filme aborrecido e incongruente, cujo único ponto positivo é a presença de leões reais tão imponentes quanto o Aslan das Crónicas de Nárnia, que era feito em computador. Bridget Moynahan, cuja carreira despoletou em Coyote Bar (2000) e se tem mantido à custa de um filme por ano e de uma série televisiva (Seis Graus, 2006-2007) parece ter-se alimentado a pão e água para o papel, o que só perde pelo facto de já estar excessivamente magra antes do incidente. Peter Weller, que ficará no coração de muitos por ter interpretado RoboCop (1987), peca por mostrar-se apenas contrariado e não em desespero quando é informado de que a mulher e os filhos estão desaparecidos há um dia inteiro e que nenhum esforço será feito até ao dia seguinte.

O argumento, assinado pelo realizador e dois amigos, entre os quais Jeff Wadlow (realizador de Na Pele do Lobo e Até Ao Último Combate), é a coisa mais preguiçosa de que há memória, abusando da paciência e da lógica. Isto, associado ao sangue criado em computador e ao pormenor execrável da visão dos leões ser próxima da dos tubarões de Perigo no Oceano (1999), torna Presas numa experiência bacoca e desprovida de suspense.

No meio de tanto absurdo, alguns exemplos ilustrativos: três dias de insolação dentro de um jipe e os protagonistas ainda conseguem correr; só é lançada uma busca 24 horas depois do desaparecimento de quatro pessoas, incluindo um ranger florestal (nem os agentes da autoridade têm direito a tratamento especial); os leões saciaram-se com o corpo de um homem adulto e grandalhão, mas não arredam pé do mesmo sítio, mesmo sendo animais nómadas; após mostrar grande sangue frio para reaver as chaves do jipe a céu aberto, a madrasta entra em pânico e atira o jipe contra uma vala (momento gritante de laxismo); há um caçador furtivo de que todos parecem ter medo (um ranger deposita o marido dos desaparecidos à porta do caçador e acelera pela sua vida), mas quando este surge em cena é apenas uma montanha balofa e é fácil chegar a acordo com ele. A cena climática é o cúmulo.

Prey 2007

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