Tuesday, November 12, 2013

Guerra Mundial Z, de Marc Forster

Se George Romero popularizou o fenómeno dos Mortos Vivos como comentário social, a actualização destes seres esqueléticos que aumentam de número exponencialmente só poderá representar as hostes de desempregados que os patrões, geneticamente avessos à solidariedade, gostariam de eliminar sumariamente, depois de explorados até ao tutano. Aparentemente, o filme baseia-se no título de um romance apocalíptico de Max Brooks, publicado em 2006, que este fizera seguir ao satírico Guia de Sobrevivência Anti-zombi, de 2003. Enquanto que o livro documenta, através de relatos, a experiência de dez anos de combate à pandemia Zombie, o filme prefere ser uma espécie de Contágio (2011), com um investigador das Nações Unidas a tentar determinar a origem e a cura para o primeiro surto.
Depois de fazer um James Bond com história a mais e acção a menos (Quantum of Solace, 2008), aquilo que Marc Forster aprendeu foi a eliminar a história. O muito elogiado guião de J. Michael Straczynski (Babylon 5 e Rising Stars) foi eliminado e rescrito por Matthew Michael Carnahan (The Kingdom, 2007, Lions For Lambs, 2007 e State of Play, 2009), transformando a narrativa num policial com ataques avulsos de zombies anárquicos. Foi a empresa de Brad Pitt a adquirir os direitos de adaptação, pelo que é o seu personagem que vai seguindo as migalhas e enfrentando o que, no livro, eram lentos desmiolados sem capacidade de organização e, no filme, correm tanto como os de 28 Dias Depois (2002), tão rápidos que até lhe roubam o hino composto por John Murphy (a banda sonora de World War Z é de Marco Beltrami). Contudo, em vez de aterrorizarem como no filme de Danny Boyle, estes malucos fazem lembrar a imprudência da equipa de Jackass, a saltarem para o abismo por não medirem consequências.
Brad Pitt passa o tempo a correr e a afastar dos olhos um penteado que não o favorece, o papel de Matthew Fox foi transformado num cameo sem falas (o seu papel incluía seduzir a mulher do protagonista, mas acabou a seduzir o chão da sala de montagem), David Morse arranca os dentes sem anestesia e James Badge Dale andava esquecido desde a terceira temporada de 24 e, subitamente, também entra em Homem de Ferro 3 e O Mascarilha (2013). Entre as ilações que o protagonista parece tirar da cartola e o facto das desgraças só acontecerem quando está por perto, o filme não serve entretenimento nem inteligência, arrastando-se na medida inversa à velocidade dos zombies.
World War Z 2013

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