Friday, May 4, 2012

The Housemaid, de Sang-soo Im


Tantas reviravoltas foram dadas à frigideira que um perfeito ovo estrelado (A Criada, 1960) se transformou num ovo mexido (A Criada, 2010). Inicialmente um remake da obra-prima (considerado um dos três melhores filmes sul-coreanos de sempre) homónima de Ki-young Kim, o guião sofreu tantas alterações pelo realizador Sang-soo Im que pouco resta do original.
O filme de Ki-young Kim era um perturbador retrato do que poderia acontecer a uma família da classe média ao contratar uma criada que se revelava uma femme fatale com perturbações mentais, espécie de conto de moralidade que fechava em tons de comédia negra. Noremake, a criada é uma inocente e pouco inteligente moça que vai trabalhar para uma mansão e se deixa seduzir pelo patrão. A esposa deste está grávida, mas rapidamente deixará de ser a única prenha debaixo do mesmo tecto. É preciso restaurar a normalidade e evitar as consequências.
Infelizmente, Sang-soo Im entrou em pânico. Em vez do thrillererótico anunciado, A Criada revela-se mais um melodrama crispado e insípido. A única vítima do filme é precisamente aquela que nunca fez mal a ninguém, o que torna o efeito dominó totalmente insatisfatório. Afinal, a história é daquelas cujas peças nada valem em si mesmas, mas pela expectativa de um esperado desenvolvimento. 
O filme abre com um suicídio, mas nunca se chega a saber se a vaga que a protagonista foi preencher está relacionada. Para além da criada, a mansão é servida por uma governanta, que deve favores à sogra do patrão. Esta é a única personagem ambivalente. A esposa e a mãe conspiram para fazer abortar a criada. O patrão reage de forma inesperada. O final, a envolver uma corda e um candelabro, inclui uma absurda combustão espontânea, que só pode acreditar-se ser uma piscadela de olho a Woman of Fire (1971), variação ao tema e segundo da trilogia de Ki-young Kim.
Hanyo 2010

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